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Rebelde sem causa: Gaetz derrubou presidente da Câmara; e daí?

Briga interna pelo poder prejudica o Partido Republicano exatamente no momento em que deveria se aproveitar das fragilidades dos democratas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 6 out 2023, 14h14 - Publicado em 6 out 2023, 08h17

Não interrompa o inimigo quando ele estiver cometendo um erro. A máxima napoleônica foi estritamente seguida pelo Partido Democrata ao votar por unanimidade com o punhado de sete rebeldes republicanos liderados por Matt Gaetz para derrubar o presidente da Câmara do próprio Partido Republicano, Kevin McCarthy.

Qual o resultado disso? Nada vezes nada para os republicanos. Ao contrário, os rebeldes de Gaetz, ao tentarem se passar por ativistas antissistema, reforçaram a imagem de que o partido é disfuncional, age contra seus próprios interesses e reflete tudo o que há de errado com Washington – a palavra é usada com metáfora da política, da mesma forma que dizemos Brasília, querendo dizer “Brasília”.

Para o eleitor comum, que não fica grudado o dia inteiro no noticiário, é difícil entender o combate narcisista (bem, é um pleonasmo quando envolve políticos) que motivou a queda de McCarthy. Gaetz o acusava de fazer acordos de bastidores com o governo Biden para liberar ajuda à Ucrânia. Deveria ser cumprimentado e não derrubado se isso for verdade.

Transformado em nota de rodapé, o ex-presidente da Câmara, com apenas dez meses no cargo, não era nenhum gênio, mas estava exercendo com competência uma tarefa de bastidores, a arrecadação de fundos. Agora, nem isso sobrou.

“O Partido Republicano deveria expulsar Matt Gaetz”, escreveu Newt Gingrich – na época em que foi presidente da Câmara, nos anos 90, era considerado o mais extremo direitista; hoje, passa por estadista moderado.

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Gingrich chamou Gaetz, um deputado pela Flórida de 41 anos e currículo instável, de “traidor”.

É pesado, mas compreensível. Muitos analistas têm a impressão de que os republicanos estão desperdiçando a chance de explorar a vulnerabilidade de um presidente como Joe Biden, que tem 80 anos e índices de aprovação pouco acima de 40%.

Com toda a rejeição – bipartidária – que o Congresso provoca, na faixa dos 60% da população, os republicanos têm uma enorme vantagem: 53% dos americanos, segundo uma pesquisa Gallup, acham que eles seriam melhores em promover a prosperidade do país nos próximos anos. Apenas 39% escolhem os democratas. Um número maior ainda, na faixa de 57%, acha que os republicanos estão mais bem colocados para proteger o país de ameaças militares e terroristas.

Com uma faca e um queijo desses na mão, os rebeldes sem causa de Gaetz resolveram cravar o instrumento cortante no próprio pé.

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Gaetz se declara um ultratrumpista, mas colegas dessa corrente não votaram pela deposição de McCarthy. O próprio Donald Trump mantém uma posição de ambiguidade, inclusive brincando com a possibilidade de que venha a ser eleito presidente da Câmara (como no caso dos cardeais, que teoricamente não têm de ser do clero, não é preciso ser deputado para ganhar o cargo).

Na média das pesquisas feita pelo RealClear Politics, Trump está com 45,5% das preferências e Biden, com 44,4%. O viés de alta é do ex-presidente, um espanto, considerando-se a quantidade de processos e a combinação de todas as forças do sistema que se articulam contra ele.

Matt Gaetz, com seu estilo histriônico e mercurial, acabou, contraditoriamente, dando um reforço a esse movimento. Um trumpista que prejudica Trump tem uma certa ironia – ou insensatez, um elemento cada vez mais presente na política americana.

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