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Outra loucura acadêmica: universidade inglesa proíbe aplausos

A guerra cultural ganha mais um capítulo maluco com a decisão de diretório estudantil de Manchester vetando palmas para não agitar ansiedade

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 3 out 2018, 17h45 - Publicado em 3 out 2018, 11h17

As batalhas culturais, segundo a designação em inglês, estão em toda parte com seus exageros e abusos. Não precisa nem dizer como chegaram perto de nós.

Mas a vanguarda certamente vem do mundo anglo-saxão, em especial do mundo universitário. Nem precisa dizer onde e como é copiada.

A mais recente seria de chorar, isso se as lágrimas conseguissem romper a barreira do riso. O diretório acadêmico da Universidade de Manchester aprovou uma moção em que proíbe aplausos ou qualquer outra manifestação ruidosa, como gritos, de entusiástica aprovação a oradores ou palestrantes.

Quem não consegue imaginar que mal pode fazer bater palmas está totalmente por fora das maluquices em circulação no planeta academia.

Para estes, a explicação: “Barulhos altos, incluindo gritos e aplausos tradicionais, podem criar problemas para estudantes com deficiências como ansiedade ou questões sensoriais.”

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Em lugar das palmas, o diretório propôs que os universitários façam o gesto chamado “mãos de jazz”. São as mãos abertas, com as palmas para frente movidas sofregamente, como num dos passos da dança que surgiu a partir da fabulosa música negra americana.

Logo, logo, os politicamente corretíssimos vão acusar os bravos líderes estudantis de apropriação cultural.

Enquanto isso não acontece, a decisão foi recebida com vastas reações de ironia. O apresentador Piers Morgan disse em seu programa matutino de televisão que ficaria muito mais ansioso se visse uma multidão agitando “mãos de jazz” em sua direção.

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A Universidade de Manchester tem 25 prêmios Nobel em seu currículo, principalmente em física e química. Entre eles, nomes mitológicos como Ernest Rutherford, o neozelandês conhecido como “o pai da física”. Também teve a paternidade do modelo que ficou conhecido como o “átomo de Rutherford” (mas seu prêmio foi de química, em 1908).

Também passou pelas fileiras mancunianas  o estranho gentílico de Manchester  outro gênio, Niels Bohr, o dinamarquês que bagunçou a caixinha atômica com a teoria quântica (Nobel em 1922).

A fila é longa e não parou nas décadas dos desbravadores da física. Mas Manchester tem aparecido mais pelas posições de vanguarda na guerra cultural. Antes da proibição das palmas, o diretório estudantil tirou de um mural o poema Se, de Rudyard Kipling.

Não existe, hoje, lugar para um homem branco e ainda por cima colonialista no planeta acadêmico. Mesmo que seja o pai de Mogli, o Menino Lobo.

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Embora empalideçam diante do gigante americano, os bravos guerreiros culturais ingleses não querem ficar atrás no campeonato de exacerbações.

Nem percebem que podem provocar o efeito exatamente contrário ao desejado, como na escola primária de Warrington, curiosamente perto de Manchester, em que alunos de seis anos receberam a tarefa de escrever uma carta de amor entre homens.

Não uns homens quaisquer. Um era o príncipe Harry, colocado no papel de autor da carta fictícia. O objeto de seu encantamento  e pedido de casamento  era um criado (por que não ensinar luta de classes no mesmo pacote, certo?) chamado Thomas.

Será que é preciso explicar por que vários pais não receberam a tarefa como uma lição de inclusão e tolerância?

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E será que muitos alunos não descobririam eventualmente, com algo mais do que seis anos, a paixão abrasadora revelada nas cartas de Oscar Wilde a Alfred Douglas? E como esta paixão acabaria tendo um resultado literalmente letal, numa lição que ficou para sempre sobre a perversidade do preconceito?

Nos Estados Unidos, a batalha cultural do momento é travada em torno da nomeação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte.

Mesmo que venham a ser comprovadas ou corroboradas as denúncias de abuso sexual na adolescência, o tom é tão absurdo que o país inteiro parece acometido por um estado alucinatório coletivo.

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Na linha de frente, claro, estão os bravos do mundo acadêmico. Uma professora da Georgetown University, Christine Fair, condenou o “coro de homens brancos privilegiados que endossaram as justificativas de um estuprador em série”.

“Todos merecem mortes atrozes enquanto as feministas dão risada de seus últimos suspiros. Bônus: castramos seus cadáveres e damos para os porcos comer. Certo?”.

Atenção, são palavras de de uma professora uma universidade de altíssimo nível (e onze prêmios Nobel).

Mesmo sem aplausos ou vaias, dá até uma crise de ansiedade tentar imaginar o que acontece quando o nível é baixíssimo.

Ou será que nós já fazemos uma ideia?

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