Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Obesidade mata americanos? E ficar em casa pode ser ruim?

Médicos estão descobrindo, no meio da pandemia, características únicas do novo vírus – e, em alguns casos, derrubando conclusões que pareciam definitivas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 14 abr 2020, 07h20 - Publicado em 14 abr 2020, 07h15
  • Seguir materia Seguindo materia
  • É no meio da guerra que os traumatologistas aperfeiçoam seus modos de salvar vidas. No meio da pandemia, os estudos teóricos e a experiência clínica vão criando novos conhecimentos – e novas dúvidas.

    Alguns deles:

    – Ter acima de 65 anos e ser obeso são os dois fatores que mais levam doentes com Covid-19 a ser hospitalizados na cidade de Nova York.

    O estudo foi feito com 4.103 indivíduos pela Grossman School da New York University.

    Identificar a obesidade como fator de risco ajuda a entender melhor a doença, as suas características locais e os motores dos focos geográficos.

    Entender por que Nova York tem quase 35% do total de quase 600 mil casos confirmados e quase 24 mil mortes depende de uma ampla multiplicidade de fatores.

    Mas a importância da obesidade, que já havia sido identificada na Itália como um dos complicadores, aparece muito mais no estudo feito em Nova York.

    Continua após a publicidade

    Obesidade é entendida como um Índice de Massa Corporal acima de 30 (simplificando: uma pessoa de 1,70 que pesa acima de 88 quilos já deixou a faixa de sobrepeso e entrou na obesidade grau 1).

    “A condição crônica com associação mais forte com doença grave foi a obesidade, com índices de probabilidade substancialmente mais altos do que qualquer doença cardiovascular ou pulmonar”, concluir o diretor da pesquisa, Christopher M. Petrilli.

    A epidemia na China já havia identificado as comorbidades mais associadas a complicações e morte, inclusive diabetes.

    Mas a obesidade certamente não é uma característica chinesa. Com a explosão da epidemia em países ocidentais, ela emerge como um complicador. No caso dos Estados Unidos, o principal.

    Além de diabetes, a obesidade também favorece estados inflamatórios crônicos. E as “superinflamações” estão sendo vistas cada vez mais como um dos maiores fatores nos casos graves da Covid-19.

    Continua após a publicidade

    – As discussões sobre o uso de respiradores estão bem longe de acabar. Quando Boris Johnson agradeceu especialmente dois enfermeiros, a neozelandesa Jenny McGee e o português Luis Pitarma, que passaram “48 horas na minha cabeceira” no momento em que a coisa poderia ter ido para o pior, Boris Johnson enfatizou indiretamente dois aspectos.

    Primeiro, claro, que teve um atendimento excepcional. Segundo, que foram feitos procedimentos e intervenções de forma intensa e contínua para permitir que ele ficasse no oxigênio, por sonda nasal ou máscara, e não precisasse ir para a ventilação mecânica.

    Uma hipótese: os doentes precisam, obviamente, de oxigênio, mas a pressão dos ventiladores tem um efeito que acaba sendo negativo.

    O Covid-19, dizem médicos da linha de frente, não é uma síndrome respiratória aguda “normal”. O uso dos respiradores, já normalmente arriscado, pode agravar ainda mais o estado do paciente, de forma nunca vista em casos similares. 

    Continua após a publicidade

    Em alguns estudos, o resultado negativo do respirador chega a até 80%, sem precedentes em doenças respiratórias similares.

    “O índice de mortalidade de pacientes com Covid-19 que requerem ventilação mecânica parece ser mais alto do que vemos tipicamente na síndrome respiratória aguda grave”, diz a intensivista de pneumologia Angela Rogers, da Stanford

    “Estamos vendo algo muito diferente novo nessa doença”, disse o médico James Saunders, do Centro Médico de Santa Clara, na Califórnia. “Não temos um paradigma de tratamento para isso”.

    Voltamos aqui à “tempestade de citocinas”, a reação do próprio organismo que contribui para a devastação desencadeada pelo vírus naqueles pacientes que, em vez de melhorar, passam a piorar na segunda fase da doença, entre o sétimo e o nono dia.

    Os médicos que constatam e discutem as formas de tratamento já estão sendo chamados de “iconoclastas”. Querem, obviamente, como todos os outros, o melhor para seus pacientes, mas em várias instâncias estão constatando uma situação singular assim descrita por James Saunders:

    Continua após a publicidade

    “O modo como estamos tratando os pacientes não está funcionando. É uma doença muito mais virulenta ou muito mais terrível – ou, alternativamente, estamos tratando a doença errada. Fico terrivelmente preocupado em ver que os clínicos tratam essa doença incorretamente, como se fosse um processo primariamente relacionado à síndrome respiratória aguda, mas o que estamos vendo sugere outra coisa”.

    “Tudo isso é novo. Estamos tentando entender”.

    ASSINE VEJA

    O vírus da razão
    O vírus da razão O coronavírus fura a bolha de poder inflada à base de radicalismo. Leia também: os relatos de médicos contaminados e a polêmica da cloroquina ()
    Clique e Assine

    – Lembram-se quando o uso generalizado de máscaras era condenado e até ridicularizado? Pois é. 

    Já está dando para desconfiar que orientações oficiais, obviamente bem-intencionadas, nem sempre acertam.

    Continua após a publicidade

    Agora, a recomendação unânime de ficar em casa quando os sintomas do novo vírus são leves também está mostrando buracos.

    “A quarentena em casa não funciona. Muitos membros do núcleo familiar acabam infectados”, já disse Wang Xinghuan, diretor de um dos dois hospitais de campanha erguidos em tempo recorde em Wuhan – e que agora estão a caminho de ser fechados definitivamente.

    Na Espanha, o jornal El País fala no “enigma dos 130 mil casos” diagnosticados de origem ignorada, num total de 170 mil.

    Probabilidade: uma parte dos contágios aconteceu dentro de casa, durante o confinamento.

    “Com a grande redução da mobilidade, acreditamos que o contágio pode ter acontecido dentro do próprio domicílio”, disse o ministro da Saúde, Salvador Illa.

    Obviamente, não são o único motivo. O contágio de profissionais de saúde e trabalhadores de funções essenciais tem um peso considerável – ainda longe de ser quantificado.

    Ficar em casa, em regime de confinamento, obviamente diminuir o número de contatos – e portanto a possibilidade de contágio. Mas não é uma solução mágica.

    Aliás, nada até agora teve jeito de solução, muito menos mágica.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.