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Obama espeta Bibi até o fim. Mas quem vai rir por último?

Inimigos por diferenças políticas e pessoais, aliados por obrigação, presidente americano e primeiro-ministro de Israel travam a última batalha

Por Vilma Gryzinski 28 dez 2016, 15h01
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  • Imagine ter um inimigo tão detestado que você acaba dando a ele 38 bilhões de dólares. Esta é uma das muitas contradições do relacionamento tóxico entre o presidente Barack Obama e Benjamin Netanyahu.

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    É claro que o primeiro-ministro israelense não levou nenhum dinheiro pessoalmente, mas o pacote de 38 bilhões de dólares em ajuda militar americana ao longo dos próximos dez anos, assinado em setembro passado, é bem real. 

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    Também é concreta a aversão de Obama por Bibi, o que deve ter dado um gostinho especial às espetadas desfechadas por ele  já no apagar das luzes de seu governo.

    Primeiro, com a abstenção na votação do Conselho de Segurança da ONU, considerando ilegais os assentamentos judeus em território palestino (levada ao pé da letra, a resolução tornaria ilegítima a presença de Israel até em Jerusalém, uma injustiça entre tantas outras, para todos os envolvidos, dessa complicada história). 

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    Depois, com o discurso anunciado de John Kerry, o secretário de Estado também em fim de linha,  em defesa da criação de um estado palestino completo e independente, a solução certa mas infelizmente impossível a curto e até médio prazo.

    Só para lembrar, de maneira resumida: os territórios palestinos devolvidos por Israel hoje se dividem entre a Faixa de Gaza, fechada e dominada por inimigos que habitualmente desfecham conflitos armados em grande escala, e áreas da Cisjordânia sobre as quais Israel tem poder de intervenção em graus variados, incluindo as sob controle da Autoridade Palestina.

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    Todos esses territórios foram tomados em guerras nas quais Israel exerceu o direito de autodefesa. Para complicar, não formavam originalmente um país (pertenceram ao Império Otomano e passaram para controle britânico, egípcio ou jordaniano; nos dois últimos casos, negociados em acordos de paz com Israel). 

    Obama achava que era o homem certo para alcançar o que nenhum de seus antecessores conseguiu: uma solução para esse problema infernal, em que os dois lados têm razão e, ao mesmo tempo, doses variadas de culpa por sua perpetuação. 

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    Descobriu, como os mesmos antecessores, que nem o presidente dos Estados Unidos consegue obrigar Israel a ceder quando o país, com todas as suas divergências internas, sente que a sobrevivência nacional está em jogo.

    Ainda mais quando o interlocutor é um osso duro de roer como Netanyahu. Tão simpático em público, Obama fez vários desaforos em particular a Bibi. Foi embora de uma reunião na Casa Branca e deixou o primeiro-ministro  plantado, “tratando” com assessores de um daqueles assuntos sobre os quais não havia convergência.

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    No agitado mês de marco de 2015, Netanyahu fez um discurso no Congresso americano, a convite de políticos republicanos, condenando amargamente o acordo nuclear patrocinado pelo governo americano com o Irã. Obama retribuiu fazendo campanha praticamente aberta contra ele na eleição de março de 2015. Netanyahu  ganhou de lavada. 

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    A briga chega agora aos estágios finais. Não é aconselhável dizer que Bibi está rindo por último  por causa do desastre que a eleição de Donald Trump significa para o “legado” de Obama. A política israelense é traiçoeira e Trump continua a ser uma caixa preta.

    Depois da eleição de Trump, a maioria da imprensa israelense, tal como a americana, entrou na onda de destacar o anti-semitismo de uma ala extremamente minoritária da extrema-direita que o apoiou. Essa conversa desapareceu do mapa quando Trump indicou como futuro embaixador em Israel em advogado judeu identificado com a linha dura (aliás, esta é uma posição minoritária: 70% dos judeus americanos votaram em Hillary Clinton e 79% defendem a solução dos dois estados). 

    Bibi em particular e Israel em geral ainda vão descobrir exatamente o que Trump tem em mente. Numa bizarra nota de pé de página, um jornal do Egito – de todos os lugares do mundo – disse que existe documentação mostrando que integrantes do governo Obama tramaram  a resolução da ONU com a Autoridade Palestina. E fizeram uma advertência: cuidado com provocações logo no começo da era Trump porque o homem é perigoso.

    Nisso têm razão. Com todas as brigas e punhaladas, pelas costas e pela frente, Obama levou adiante a tradição  americana de ter em Israel um aliado inevitável, embora muitas vezes insuportável. Com Trump, não existem mais certezas. Este é um jogo em que ninguém pode cravar quem vai dar a última risada.

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