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O “Milei americano”: candidato de origem indiana abre um lugarzinho

Republicano fala muito bem sobre suas ideias de tendência libertária e um sinal de que está aparecendo está nas críticas da imprensa

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 13 Maio 2024, 22h45 - Publicado em 17 ago 2023, 07h52
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  • Vivek Ramaswamy
    Vivek Ramaswamy (Eva Marie Uzcategui/Bloomberg/Getty Images)

    Ele não come carne, não é branco, não é cristão e seu nome é sempre precedido por um engasgo dos locutores de televisão, ao contrário do que acontecia com Barack Obama. As ideias de Vivek Ramaswamy também são de dar problemas de glote na mídia altamente identificada com o Partido Democrata.

    À sua moda, com um estilo pessoal que nada lembra Javier Milei, o excêntrico economista argentino que arrasou nas eleições primária, o aspirante republicano encarna um fenômeno em comum: o apelo de propostas libertárias entre uma geração mais jovem e menos comprometida com os partidos tradicionais. É um fenômeno que merece atenção e tende a acontecer em outros países.

    Para fazer uma brincadeira com aqueles que imitam os americanos e chamam qualquer candidato fora do padrão de Trump de tal ou tal país, vamos chamar Ramaswamy de Milei americano.

    Apesar das diferenças: com 38 anos (treze a menos que o argentino), Ramaswamy é mais jovem, usa a eloquência sem excessos de floreios e é muito mais rico — mais de 600 milhões dólares, um espanto. Formado em biologia em Harvard e direito em Yale, também tem um currículo mais sólido.

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    Da mesma forma que a imprensa pró-Joe Biden fez de tudo para destruir Ron DeSantis, agora que o governador da Flórida vive dias pouco auspiciosos, enquanto Donald Trump cresce entre o eleitorado republicano mais fiel por causa da sucessão de denúncias criminais, Ramaswamy também está levando sua cota de pancadas.

    O New York Times fez um resumo das propostas do pré-candidato que mais entusiasmo provocam entre públicos republicanos — e repúdio desdenhoso entre luminares como os do próprio jornal. Alguns exemplos:

    “Serei o primeiro candidato presidencial a dizer que acabarei com a ação afirmativa com base em raça”.

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    “Vou cortar o quarto poder do governo, o estado administrativo. Não se pode domar a fera, temos que acabar com ela”.

    “Vamos usar nossos militares para aniquilar os cartéis de traficantes mexicanos”.

    “Que tal uma emenda constitucional que aumenta a idade do voto para 25 anos, mas pode votar aos 18 quem servir o país ou passar no teste de educação cívica que minha mãe fez quando ganhou a cidadania?”.

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    “Hoje, dependemos de nosso maior inimigo para todo nosso modo de vida moderno. Isso é um problema. A Declaração de Independência que assinaria como próximo presidente será nossa Declaração de Independência da China Comunista”.

    Sobre a guerra na Ucrânia, suas propostas poderiam ter sido redigidas num certo palácio modernista do Planalto Central. “Ele diz que buscaria um acordo que ofereceria amplas vantagens a Putin, incluindo ceder a maior parte do Donbas à Rússia, suspender sanções, fechar todas as bases militares americanas na Europa do Leste e barrar a entrada da Ucrânia na Otan”, resumiu o New York Times. “Em troca, a Rússia encerraria a aliança militar com a China e retomaria as conversações do tratado de limitação de armas nucleares, o START”.

    Outras propostas: acabar com as chamadas agências de três letras (FBI,CIA, NSA), “burocracias que falharam repetidamente” e pegar o dinheiro que custeia gigantes como a educação ou a saúde pública e “colocar de volta no bolso” dos cidadãos. Milei puro.

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    E está funcionando, ainda que em escala muito menor. Segundo a mais recente pesquisa Kaplan, Ramaswamy passou de DeSantis e agora é o segundo colocado na disputa republicana, com 11% das preferências, apesar da avassaladora vantagem de Trump, com 48%.

    Em vários sentidos, o aspirante de origem indiana cumpre um papel equivalente ao de Robert Kennedy Jr na campanha democrata: um candidato que não vai ganhar nada, mas agita as águas e faz sucesso em programas de debate de televisão. Também se arrisca em empreendimentos de maior potencial autodestruidor, como cantar um rap de Eminem numa feira agrícola do Iowa, seu estado natal.

    Vivek, como dizem os adeptos, não esconde que segue preceitos da religião hinduísta, inclusive não beber e não comer carne. Com muita ênfase, defende os princípios da civilização judaico-cristã, música para os ouvidos dos conservadores americanos.

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    Se seus pais tivessem imigrado para o Reino Unido, Vivek Ramaswamy (ou Senhor Rama, referência ao deus hinduísta) provavelmente estaria na mesma raia que o atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. São dois filhos da diáspora indiana, milionários que ganharam o próprio dinheiro no mercado e defensores dos valores da civilização ocidental, Rishi com a contenção inglesa, Vivek com a efervescência americana.

    A candidatura de Vivek Ramaswamy pode se encaixar na categoria “aposta para o futuro”. Ele se torna uma figura mais conhecida nacionalmente, faz os contatos certos e se consolida como nome viável na eleição de 2028. Com um detalhe importante: tem uma fortuna de mais de 600 milhões de dólares e pode financiar a si mesmo.

    Ninguém mais se espanta quando um milionário se torna uma força política poderosa por se apresentar como candidato antissistema. Donald Trump é maior prova disso.

    Ridicularizar o empenho quase ingênuo de Ramaswamy, ou o cabelo de Javier Milei, como fez, tolamente, o Wall Street Journal, não é o melhor meio de combater candidatos fora dos padrões aceitos pela mídia e pelos meios intelectuais.

    Os argentinos que fizeram isso se deram mal.

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