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O inverno está chegando: até russos aceitam o fim de Maduro

Dá agonia ver como o 'Mister Palhaço' se agarra ao poder, mas as cartas vão sumindo da mesa e os ultrarrealistas russos sabem como a história termina

Por Vilma Gryzinski 22 fev 2019, 14h18
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  • Nicolás Maduro continua no Palácio de Miraflores, Juan Guaidó continua solto, o povo venezuelano continua com fome e os caminhões cheios de comida mandados pelos Estados Unidos continuam pertinho de fronteiras terrestres, impedidos de entrar no país.

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    O que pode acontecer quando pessoas desesperadas tentarem ir buscar os alimentos tão perto e ao mesmo tempo tão longe? O Exército ou a Guarda Bolivariana vão atirar nos famintos?

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    É esta a jogada que tende a precipitar a derrocada do Usurpador, como tantos venezuelanos passaram a chamar Maduro (ele, por sua vez, chama Guaidó de “Palhaço” ou “Mister Palhaço”, num caso espetacular de projeção da própria imagem na do inimigo).

    Se pudesse, Maduro já teriam trancado Guaidó na mais profunda cela de Ramo Verde, a penitenciária militar reservada aos presos políticos mais importantes.

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    O fato de que não possa é um dos sinais mais evidentes da inexorabilidade do cerco montado, por dentro e por fora, para expeli-lo de Miraflores e salvar a Venezuela da anarquia final.

    Pode demorar mais do que a maioria dos seres humanos minimamente compassivos gostaria, mas o rumo está traçado.

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    “Infelizmente, o tempo não está do lado de Maduro”, disse ao site Bloomberg o vice-presidente da comissão de política externa do Senado russo, Vladimir Dzhabarov.

    “Numa situação de crise econômica agravada, o humor da sociedade pode se voltar rapidamente contra ele.”

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    Os russos entendem o que os humores da sociedade podem fazer. A revolução de veludo nos antigos satélites soviéticos, culminando com a queda do Muro de Berlim e, posteriormente, a dissolução pacífica da própria União Soviética, é um exemplo histórico retumbante.

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    O resto é retórica: denunciar uma “invasão” americana, reclamar na ONU, ameaçar retaliações. A Rússia não vai fazer nenhum movimento bélico e já antecipa a perda de 10 bilhões de dólares em socorro financeiro, participações no negócio do petróleo e venda de armas ao regime chavista.

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    Ao contrário da China, que colocou mais dinheiro, mas se enredou menos no charco venezuelano do que os russos, são investimentos dificilmente recuperáveis no caso de mudança de governo.

    Mandar à Venezuela bombardeiros Tupolev, do tipo que pode transportar artefatos nucleares, como aconteceu em dezembro, talvez não tenha sido uma ideia tão brilhante assim.

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    Talvez tenha precipitado a operação Derruba Maduro desenhada pelo governo americano. Talvez tenha deixado os militares de países vizinhos muito preocupados.

    O prejuízo e os lances errados, de tática e estratégia, obviamente jamais serão admitidos pelo homem que raramente os comete, Vladimir Putin.

    Falando ao Independent, Fyodor Lukyanov, um especialista “próximo da elite política”, disse que a Rússia não vai apoiar de jeito nenhum um governo “fantoche” de Juan Guaidó e que o apoio dos comandantes militares que mantém Maduro em Miraflores pode “durar mais do que muita gente pensa”.

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    As deserções, realmente, são mínimas até agora, apesar das condições materiais atrozes. “Tecnicamente, não temos capacidade de enfrentar nenhum inimigo e quem disser o contrário está mentindo”, espetou Hugo Carvajal, general da reserva que foi companheiro de Hugo Chávez desde a primeira tentativa de golpe e chegou a chefe do serviço militar de inteligência.

    Carvajal não é um vira casaca qualquer. Enredou-se até o pescoço na lama bolivariana, tendo entrado na lista negra dos Estados Unidos como operador do narcotráfico via FARC, a guerrilha colombiana agora teoricamente convertida.

    O general da reserva, eleito deputado pelo partido do governo, pegou num ponto fraco e doloroso.

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    “Ao alto comando, que hoje nos faz passar vergonha mundial com vídeos ridículos, advirto: parem a tempo no rumo que tomaram.”

    Entre a vida, a fortuna, o barco furado do Mister Palhaço de Miraflores e o futuro incerto, os protagonistas dos “vídeos ridículos” têm escolhas difíceis.

    “O compromisso da Força Armada Nacional Boliviariana é defender o povo, proteger seus direitos inalineáveis”, apelou a Comissão Nacional dos Bispos da Venezuela. “A FANB não deve cumprir ordens que atentem contra a vida e a segurança da população. Deve permitir a entrada e a distribuição da ajuda internacional.”

    A alternativa é atirar no povo.

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