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O caso dos judeus de esquerda que são contra fundamento sionista de Israel

Ação proposta no Tribunal Criminal Internacional revela como existem até parlamentares que se alinham na oposição ao que Israel representa

Por Vilma Gryzinski 9 jan 2024, 08h13

Direita, esquerda e até centristas “radicais” fazem parte do tecido sócio-político de Israel e suas diversidades ficarão mais expostas a partir de quinta-feira, quando a Corte Internacional de Justiça começar a discutir uma ação apresentada pela África do Sul contra o país, acusando-o de genocídio em Gaza.

É uma acusação obviamente absurda e até oposta à realidade: quem prega unanimemente que Israel seja varrido do mapa, com todos os judeus juntos, são Hamas, Hezbollah, Irã e outros entes, estatais ou não.

Isso não elimina o fato de que o mundo se comova com o alto número de vítimas civis em Gaza, mesmo estando à vista de todos que foi o Hamas quem procurou a guerra e até se beneficia com o sofrimento da população.

Curiosamente, cerca de 200 israelenses estão endossando a iniciativa sul-africana. O nome mais chamativo é o de Ofer Cassif, um parlamentar do Hadash-Taal, frente de extrema esquerda integrada pelo Partido Comunista israelense e várias correntes árabes.

PAPEL DE PROVOCADOR

“Meu dever constitucional é para com a sociedade israelense e seus residentes, não para com um governo cujos membros incitam a limpeza étnica e até um autêntico genocídio”, disse Cassif sobre a ação na Corte Internacional de Justiça (não confundir com o Tribunal Penal de Haia).

Não é difícil imaginar as reações à atitude do parlamentar, principalmente num país em guerra e ainda em estado de choque pelas atrocidades praticadas pelo Hamas na invasão de três meses atrás.

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Cassif está acostumado ao papel de provocador. Seu partido defende que Israel deixe imediatamente todos os territórios ocupados e permita o retorno dos descendentes dos palestinos que fugiram deles em 1948 – na prática, isso significaria o fim da maioria judaica em Israel e, consequentemente, o projeto sionista.

O antissionismo tem um histórico tão antigo quanto o do movimento criado por Theodor Herzl para defender a volta dos judeus a seu estado original. A oposição ao moderno Estado de Israel tem duas grandes correntes: a política, de inspiração comunista, e a religiosa, integrada por ultraortodoxos que consideram uma blasfêmia criar um país antes da chegada do Messias e sua restauração divina.

O nome mais conhecido da esquerda antissionista é o do linguista americano Noam Chomsky, hoje com 95 anos e, aparentemente, fora do debate.

“TOTAL INSEGURANÇA”

A brutalidade indescritível do ataque de outubro deixou uma parte dos judeus de esquerda em choque ao descobrirem que só podiam contar com pouquíssimas manifestação de solidariedade fora dos setores de direita pró-Israel. Em uma parte dessa esquerda, nem ver as universidades se levantando em massa para apoiar o Hamas teve efeito. Várias organizações judaicas de esquerda continuam a defender o cessar-fogo imediato – uma garantia de que o Hamas sobreviveria ainda relativamente inteiro.

Por mais chocante que pareçam as posições antissionistas de extrema esquerda, elas fazem parte de uma tradição de multiplicidade de pensamento. Hoje, nos meios intelectuais um dos nomes mais mencionados é o do historiador Moshe Zimmerman. “A solução sionista não é uma solução”, diz ele. “Estamos chegando a uma situação em que o povo judeu que vive em Sião está em situação de total insegurança. Além disso, precisamos levar em conta que Israel está causando uma redução na segurança nos judeus da diáspora. Portanto, a solução sionista é muito deficiente”.

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Zimmerman chega a apelar para a estranha obsessão dos críticos de Israel pela Alemanha nazista e compara os filhos dos ultraortodoxos nacionalistas à juventude hitlerista.

A ampla maioria dos judeus, dentro e fora de Israel, de direita e de esquerda, acha exatamente o oposto, apoia em massa a guerra contra o Hamas – daí a ingenuidade de quem acha que isso é “coisa do Netanyahu” – e tem um compromisso visceral com o Estado de Israel.

Mas não deixa de ser interessante ver o grande leque de opiniões que viceja no país, mesmo num momento de risco existencial, com uma guerra em curso e a possibilidade de que outra frente, no Líbano, se acelere.

Se liberdade de expressão é o direito a falar tudo aquilo que uma parte mais odeia (sem os crimes devidamente explicitados no código penal), Israel passa no teste.

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