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Por Vilma Gryzinski
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Narrativa contra Ucrânia – e Zelensky – finca raízes na direita trumpista

É um grave erro que acontece num momento de fragilidade para os ucranianos, dando “de graça” uma vitória para Vladimir Putin

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 12 fev 2024, 06h40 - Publicado em 12 fev 2024, 06h27

A esquerda anti-Ucrânia tem muito motivos para comemorar: no confronto entre os dois Vladimir, Putin e Zelensky, o primeiro está levando vantagem.

E as vitórias estão sendo propiciadas pela direita trumpista, numa ironia de fenomenais proporções. A Ucrânia está sem dinheiro, pela atitude do Partido Republicano de condicionar qualquer verba a intervenções na fronteira com o México, e Volodymyr Zelensky está de moral baixa, tendo tirado o comando da guerra de um general popular, Valeri Zalujni, sem tempo de mostrar se isso ajuda em alguma coisa no campo de batalha.

No plano da grande política, ou geopolítica, Zelensky não está sozinho na depressão moral. Em declaração inacreditável, pelo tanto que revela de ignorância sobre os interesses americanos, Donald Trump disse ter dito que, se os aliados europeus não pagassem a sua parte na estrutura de defesa coordenada pela Otan e fossem atacados pelos russos, “eu os encorajaria a fazer o que diabos quisessem”.

Ou seja, se reeleito, como indicam as pesquisas no momento, ele sabotaria o sistema criado pelos americanos depois da II Guerra Mundial para não permitir que a União Soviética engolisse a Europa Ocidental. Foi um sistema extraordinariamente bem sucedido, tanto que quem desabou foi o império soviético. O mesmo que Putin, nada secretamente, quer reconstruir.

A narrativa isolacionista é alimentada por influenciadores como Tucker Carlson, que fez a patética entrevista na qual assumiu o papel de rato com o qual o felino Putin brincou durante duas horas. Muitos americanos de tendência conservadora se deixam seduzir pelo discurso: não interessa ao país gastar dinheiro com um lugar distante e pouco confiável como a Ucrânia, Zelensky é um aproveitador e é bom não mexer com a Rússia para não ter problemas muito maiores.

“PERSPECTIVAS PRESIDENCIAIS”

É claro que tudo seria diferente se houvesse uma situação menos ruim no campo de batalha. O fato é que não há e a demissão do general Zalujni parece ter sido “aconselhada” pelos americanos. O ex-comandante “tinha tensões com Washington”, segundo foi plantado no site Politico.

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A reportagem enuncia vários motivos de “frustração” para os americanos: a contraofensiva do ano passado demorou demais e o Pentágono queria que todas as forças se concentrassem num ponto das linhas de defesa da Rússia nos territórios ucranianos ocupados onde havia a possibilidade de quebrar a muralha. Os “ucranianos não pareciam interessados no que os americanos tinham a dizer” disse a fonte do Politico. Dividiram a contraofensiva em três frentes e em nenhuma delas conseguiram avançar.

Para complicar, Zalujni depois deu uma entrevista à Economist falando em situação de impasse no front. Zelensky ficou furioso. Segundo o analista ucraniano Volodimir Fesenko citado pelo Politico, também pesou o fato de que “o entorno do general discutia aberta e publicamente as perspectivas presidenciais de Zalujni”.

Quando a Ucrânia conseguiu, quase miraculosamente, impedir a tomada de Kiev, logo no começo da invasão, e depois retomar algumas localidades conquistadas pelos russos, Zalujni se transformou num herói nacional. Aparentemente, ele e Zelensky faziam um dueto afinado: o presidente agia como a face da resistência, o melhor relações públicas do mundo, encarregado de conseguir apoio e armas, enquanto deixava o general fazer sua parte.

O teste da realidade revelou que não era um dueto tão afinado assim.

TEMPO A FAVOR

Tirar um general com aura de herói no meio de uma guerra não é fácil. O presidente Harry Truman fez isso, em plena guerra da Coreia, com o general Douglas MacArthur, com todas as suas cinco estrelas conquistadas na II Guerra. MacArthur simplesmente desafiava as ordens do presidente, um modesto contador que o destino levou à Casa Branca.

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“Demiti MacArthur porque ele não estava respeitando a autoridade do presidente. Não porque ele fosse um cretino f**** da ****., embora ele fosse”, disse famosamente Truman.

O que não dá, para Zelensky e a Ucrânia, é ficar sem a vital ajuda americana. Algum tipo de saída será encontrado no curto prazo o Senado abriu caminho ontem a um novo pacote de 60 bilhões de dólares, mas a situação parece consolidada: mesmo tendo sofrido cerca de 350 mil baixas, entre mortos e feridos, a Rússia tem muitas vantagens a favor, incluindo a capacidade de mobilização e de rearmamento.

Sem contar o tempo. A eleição presidencial americana é em nove meses e pode levar de volta à Casa Branca um Donald Trump louco para acertar contas internas e talvez abandonar a Ucrânia.

“Tudo o que posso dizer é que, quando Trump era presidente, ninguém invadiu ninguém”, disse ao New York Times o senador Lindsey Graham, um dos maiores defensores da ajuda à Ucrânia, evitando criticar o ex-presidente sobre entregar os aliados aos russos.

Dá até para ouvir, metaforicamente, as risadas de Vladimir Putin.

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