Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Morar nos EUA ou na China?

A democracia imperfeita ou a estabilidade do partido único

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 14h59 - Publicado em 9 out 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O Futuro é Asiático. Este é o título bem direto de um livro de Parag Khanna, americano de origem indiana. Motivo número 1: “Demograficamente, o futuro já é asiático. Mais de 50% da população mundial vive na Ásia”. Número 2: “De 35% a 40% da economia mundial está na esfera asiática”. Terceiro, não mencionado pelo autor, mas provocante: a China, principal motor e a locomotiva dessas transformações, almeja oferecer aos vizinhos, próximos ou mais distantes, um modelo de desenvolvimento e de sistema político. Uma espécie de “capitalismo controlado pelo partido” em que a estabilidade compensa a ausência de democracia.

    Publicidade

    Desde que a crise do coronavírus escapou da China e contaminou o planeta, os órgãos de propaganda do regime e seus apaniguados no mundo acadêmico ocidental aceleraram a mensagem. O principal argumento é o que transparece superficialmente no mapa-múndi. De um lado, o país onde tudo começou conseguiu conter a epidemia na faixa dos 4 500 mortos. Os tropeços iniciais foram corrigidos, a economia sofreu sem sair do eixo e o grande líder Xi Jinping comandou a importante vitória estratégica — palavras dele numa reunião de cúpula do Partido Comunista — contra o vírus. Do outro lado, o país cujo modelo político propiciou o florescimento da mais poderosa potência da história parece mal das pernas. A Covid-19 matou mais de 210 000 americanos, Trump conseguiu provocar mais desunião ainda mesmo acometido pela doença viral, o caos social com origem racial proporcionou cenas inacreditáveis e metade do país odeia a outra metade. Acima de tudo, os EUA parecem ter perdido a narrativa que assegurou sua hegemonia econômica, científica, militar e artística, a do país iluminado como um farol no alto de um morro, irradiando um sistema de liberdade e progresso como jamais houvera, ancorado numa Constituição criada por gênios e à prova de idiotas, pacote fechado e bem-sucedido.

    Publicidade

    “É melhor fritar hambúrgueres na América do que desfrutar a estabilidade pseudoconfuciana”

    É claro que esse quadro foi exagerado, para o bem e para o mal, com fins de salientar a argumentação. E, acima de tudo, é para os EUA que os pobres, oprimidos e também remediados de todo o mundo sonham emigrar, nem que seja clandestinamente. É melhor fritar hambúrgueres na América do que desfrutar a estabilidade pseudoconfuciana promovida pelo partido único. Excetuando-se as elites globais que circulam em todas as esferas e nelas reproduzem seu modo privilegiado de vida, a China no máximo é um destino sonhado pelos norte-coreanos, submetidos a uma versão mais catastrófica e alucinada do que foi o maoismo.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O modelo chinês é impensável nas democracias avançadas. Faz mais sentido em países asiáticos sem currículo democrático ou até na África, onde a China investe pesado e monta uma teia de acordos que reproduzem, à chinesa, os métodos de cooperação — e cooptação — que propiciaram a hegemonia americana. A teia já está sendo tecida também bem no quintal latino-americano dos EUA. “No século XIX, o mundo foi europeizado”, escreve Parag Khanna. “No século XX, foi americanizado. Agora, no século XXI, o mundo está sendo irreversivelmente asiaticanizado.” Vamos chorar de saudade do imperialismo americano?

    Publicado em VEJA de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708

    Publicidade

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.