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“Monsieur Non”: o político francês que agita contra regras da pandemia

Florian Philippot está na primeira fila de todas as manifestações contra a prova de vacinação agora exigida para fazer qualquer coisa na França

Por Vilma Gryzinski 11 ago 2021, 08h52
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  • “O Kremlin, um pouco Trump, sem esquecer de Kim Jong-Un”, ironiza Florian Philippot quando perguntam quem financia a infraestrutura das manifestações contra a “ditadura sanitária”, os protestos cada vez maiores contra a obrigatoriedade de provar a vacinação para frequentar qualquer espaço público fechado na França – e alguns abertos também, como as mesas na calçada de bares e restaurantes.

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    Philippot entende de ironia. Ele é um político de direita dura que é contra privatizações e elogiou Hugo Chávez quando o boliviano morreu. Rompeu com o nome mais importante dessa linha, Marine Le Pen, e fundou um novo partido, o Patriotas. Declarou-se orgulhoso de ser gay, mas mesmo assim processou a revista que publicou fotos dele com o companheiro num passeio em Viena.

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    Sem vacilar, diz “não” a todas as medidas tomadas pelo governo no combate à pandemia. Foi contra as máscaras, a favor da ivermectina e da hidroxicloroquina, pelo fim antecipado do confinamento. 

    Já escreveu dois livros sobre a Covid-19, insinuando sempre interesses superiores na administração da pandemia.

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    “Por que o debate sobre conflitos de interesse, que enchia as páginas da imprensa nos anos anteriores à crise, de repente, virou tabu, um tema proibido, taxado rapidamente de ‘conspiracionismo’?”, perguntava ao lançar o Oligarquia Mascarada.

    Referindo-se ao maior defensor francês da hidroxicloroquina, o médico Didier Raoult, insinuou: “Por que o professor Raoult foi colocado imediatamente na mira, de maneira brutal e até suja, a partir do momento em que ele constatou que era possível um tratamento barato?”.

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    Agora, a causa é o passe sanitário, o código no celular que atesta a vacinação (ou um teste negativo válido por 48 horas) e abre portas a igrejas, teatros, museus, bares, restaurantes, centros comerciais e esportivos, hotéis, hospitais, casas noturnas e transportes de longa distância.

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    Philippot é uma figura algo folclórica e está longe de ser o único promotor das manifestações de protesto que ficam cada vez maiores, mas o assunto é sério.

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    Na França onde o Estado tem historicamente uma presença enorme e a sociedade funciona sob regulamentos que são um monumento à burocracia, existe uma enorme desconfiança em relação às vacinas e outras medidas sanitárias.

    No país do raciocínio cartesiano e de Pasteur, o grande pioneiro das imunizações, com direito a ser chamado só pelo sobrenome, apenas 40% das pessoas se diziam dispostas a tomar a vacina no começo do ano. A rejeição caiu para cerca de 20%, mas ainda é um índice muito alto. Apenas 48% dos franceses receberam as duas doses, o número mais baixo, depois do Japão, entre os países do G7. 

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    A obrigatoriedade do passaporte sanitário visa justamente a parcela ainda relutante ao praticamente inviabilizar a vida prática dos não-vacinados.

    Uma parte da rejeição às vacinas é atribuída à sensação de que o Estado está invadindo liberdades individuais. Talvez pesem também fatores como a memória do escândalo de sangue contaminado – as transfusões que transmitiram aids a 4 700 hemofílicos entre 1984 e 1985. Outro fator é a antipatia e a desconfiança despertadas por Macron em certas camadas da população.

    Por causa dessa antipatia, remanescentes do movimento dos “gilets jaunes”, o pessoal de colete amarelo que durante dois anos saiu para se manifestar contra o governo, aderiram aos protestos contra o passaporte sanitário.

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    Como aconteceu com os coletes amarelos, despontaram entre os manifestantes atuais manifestações de antissemitismo originárias das abomináveis teorias conspiratórias que atribuem a pandemia aos “judeus”.

    Alguns cartazes simplesmente levam a palavra “Quem?”, uma insinuação perfeitamente compreendida. 

    Uma professora de 34 anos, Cassandre Fristot, foi além e levou um cartaz mais explícito, com a palavra “traidores” seguida dos nomes de integrantes do governo Macron que são judeus e outras personalidades – incluindo, claro, George Soros. Ela pode responder a processo por incitação ao ódio.

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    O conspiracionismo também funciona no sentido contrário, com as especulações sobre as fontes de financiamento do Patriotas de Philippot.

    “Todos nossos recursos vêm de nossos militantes e doadores”, responde ele, a sério.

    Espíritos mais incrédulos dizem que a pandemia está fazendo muito bem a Florian Philippot, conferindo-lhe uma visibilidade que havia perdido depois de romper com Marine Le Pen e seu partido, onde deixou fama de “homem arrogante e paranóico”.

    Fato real: quem está aparecendo muito mais que Marine, nas ruas e na mídia, é seu ex-número dois. E está gostando muito disso.

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