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Jogador como metáfora nacional: sina de argentinos e brasileiros

Com poucas narrativas de identidade nacional, futebolistas tornam-se símbolos poderosos inclusive, ou principalmente, quando fracassam

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 nov 2020, 11h44 - Publicado em 25 nov 2020, 15h30
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  • Tendo nascido para a grandeza olímpica, o lugar reservado a apenas um punhado de escolhidos, Diego Maradona viveu uma vida bem menor do que era em campo.

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    Como tantos outros, propulsionados da infância pobre para a celebridade incomparável do futebol, Maradona não conseguiu coadunar o que era em campo com o que deveria ser fora dele.

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    Um pouco como as duas grandes nações do futebol, Argentina e Brasil, não correspondem ao padrão que seus vastos territórios e grandes riquezas fariam prever. Somos sempre gigantes patinando, erguendo-nos para tropeçar em seguida, num ciclo que parece interminável.

    Os jogadores como metáfora dos países onde nasceram, e do qual se vão tão cedo – “Vivemos muito tempo fora e sentimos saudade”, dizia El Diez –, são um lugar comum quase irresistível. Inclusive pelo que carrega de verdadeiro.

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    Como a Argentina das crises ciclotímicas, Maradona caiu, caiu e caiu mais um pouco. A cada vez que se levantou, retornou a um lugar um pouco menor do que antes.

    A Argentina é viciada em populismo e Maradona foi viciado em cocaína – duas substâncias poderososíssimas.

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    “A droga é como um Pac-Man que vai engolindo toda a sua família”, definiu ele.

    Os melodramas, as milongas, a malandragem, as cirurgias plásticas, as dívidas com o fisco, o Che Guevara tatuado no braço, tudo em Maradona encarnou a argentinidade popular – embora, obviamente, o pessoal do country club, os refúgios da elite, o venerasse com a mesma paixão do povão.

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    O esportista que chega ao Olimpo e destrói a si mesmo não é uma exclusividade argentina ou brasileira, mas nos diz mais justamente por sermos países enormes, em grande parte feitos por imigrantes, com buracos na narrativa nacional que o futebol ocupou e projetou de maneira incomparável.

    A ideia do jogador como um provedor de momentos de felicidade ao povão sofrido também é comum aos dois países.

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    “Se morrer, quero voltar a nascer e quero ser jogador de futebol. E quero voltar a ser Diego Armado Maradona. Sou um jogador que deu alegria ao povo e isto me basta e sobra” dizia ele.

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    Mais recentemente, na última entrevista que deu, ao Clarín, Maradona se definiu assim:

    “Fui e sou muito feliz. O futebol me deu tudo o que tenho. E se não tivesse tido esse vício, poderia jogar muito mais. Mas tudo isso é passado”.

    O jornalista Julio Chiappetta, que publicou a entrevista, escreveu: “Morreu Diego Armando Maradona e o mundo já não é o mesmo”.

    Definiu, praticamente, a essência da argentinidade.

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