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Irã: protestantes enforcados, mulheres atingidas de propósito nos genitais

A brutalidade é chocante até pelos padrões iranianos e fecha espaços para uma abertura que abrandaria os piores abusos

Por Vilma Gryzinski 12 dez 2022, 07h08

Há uma semana, havia até uma certa esperança no ar, mesmo que a maioria dos iranianos desconfiasse da notícia de que a polícia moral havia sido dissolvida.

Não só a declaração do procurador-geral foi dada como um mal-entendido como, em vez de abertura, vieram notícias terríveis. Dois manifestantes foram condenados e enforcados, num processo a jato. 

A família de Mohsen Shakari, de 23 anos, condenado por erguer barricadas de rua e dar uma facada no ombro de um bassiji, estava esperando entrar com um apelo quando recebeu a notícia que ele já havia sido enforcado. Um vídeo filmado de longe mostra os gritos excruciantes de dor da mãe de Shekari ao receber a notícia em frente a prisão. É difícil tirar as imagens da cabeça.

Também é difícil, especialmente para mulheres, processar uma informação que médicos e enfermeiras passaram para o Guardian, Segundo as fontes, obviamente anônimas, agentes da repressão estão atirando com armas de chumbinho na região genital de mulheres que participam dos protestos.

Os médicos perceberam que homens e mulheres chegavam com ferimentos em partes diferentes do corpo. Eles, na maioria atingidos nas pernas, nádegas e costas – num padrão típico de quem está fugindo dos repressores. Elas muitas vezes chegavam com munição cravada na região do rosto, dos seios e da virilha.

Um médico de Isfahan disse ao jornal que a diferença decorre do fato de que “eles querem destruir a beleza dessas mulheres”.  

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Ele relatou ter atendido uma jovem na casa dos vinte anos que tinha chumbinhos incrustados na área dos quadris. Dois estavam alojados no interior da vagina.

A paciente contou que tinha sido cercada por uns dez agentes de segurança que miraram especificamente na região da virilha.

“Ela podia ser minha filha”, disse o médico, desolado.

Todos sabemos que os protestos têm uma decisiva participação feminina, tendo sido desencadeados depois da morte de uma jovem curda de 22 anos, presa pela polícia moral por não cobrir o cabelo todo com o véu obrigatório, deixando a parte da frente à vista – uma ofensa do ponto de vista dos fanáticos.

A repressão não vacila: Farideh Moradkani, sobrinha do aiatolá Ali Khamenei, autoridade suprema pelo sistema teocrático, foi condenada a três anos de prisão por ter divulgado um vídeo no qual condena “o regime assassino que mata crianças”. Ela foi presa em casa e levada para julgamento num tribunal religioso.

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Farideh, que segue o mais estrito código de vestimenta existente no país, faz parte de uma ala da família rompida com Khamenei. A mãe dela, Badri Hosseini Khamenei, irmã do aiatolá, disse que cortou relações com o irmão e pediu sua renúncia.

Os indícios de dissidência apareceram também em declarações do ex-presidente Mohammad Khatami, com fama de moderado. Embora tenha feito muito pouco para justificá-la quando estava no poder, agora ele disse que o lema dos manifestantes, “Mulher. Vida. Liberdade”, traz uma “bela mensagem que aponta para um futuro melhor”. 

Ele também aconselhou o governo a estender a mão aos estudantes e aprender como eles o que está fazendo de errado.

Infelizmente, ninguém está estendendo mão nenhuma. Aos contrário, os braços armados do regime estão atirando nos órgãos genitais de jovens mulheres. Como descrever uma barbaridade dessas?

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