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Fuga dos cisnes: bailarinos importantes, alguns brasileiros, deixam Rússia

Olga Smirnova, do Bolshoi, é a principal figura do mundo cultural a sair do país por ser “contra a guerra com todas as fibras da minha alma”

Por Vilma Gryzinski 18 mar 2022, 05h29
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  • Maria Corina Machado
    Grande salto: Smirnova é o nome mais importante da cultura russa a deixar o país o por causa da agressão à Ucrânia - (Robbie Jack/Corbis/Getty Images)

    Balé é religião na Rússia e, por isso, uma das maiores denúncias contra a guerra da Ucrânia foi feita com pés acostumados a viver na ponta da sapatilha.

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    “Nunca pensei que fosse ter vergonha da Rússia”, escreveu Olga Smirnova, solista do Bolshoi conhecida por dançar o papel de Odette/Odile em O Lago dos Cisnes como se seus braços fossem feitos de penas, ao justificar por que decidiu abandonar o palco mais sagrado do mundo da dança.

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    Ela e Victor Caixeta, bailarino de Uberlândia que dançava no Mariinsky, (ex-Kirov) de São Petersburgo, outro templo mitológico do balé, foram para o Balé Nacional da Holanda. “Tive que tomar a difícil decisão de deixar a Rússia, o lugar que foi minha casa durante quase cinco anos”, escreveu ele.

    Outro brasileiro, David Motta Soares, manifestou a mesma tristeza por deixar o Bolshoi, onde cultivou a mistura de força e leveza que torna a escola russa inconfundível.

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    O italiano Jacobo Tissi e o inglês Xander Parish, que saiu da Rússia pela Estônia com a mulher, Anastasia Demidova, que também é bailarina do Mariinsky, foram outros que deixaram o país.

    A guerra na Ucrânia significa não apenas um clima mais opressivo como o isolamento da Rússia, sem a possibilidade de temporadas de balé no exterior.

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    Foi para mostrar no exterior a superioridade da cultura russa que as autoridades soviéticas permitiram a viagem do prodigioso Rudolf Nureyev para uma turnê do Kirov em Paris e Londres em 1961.

    Os agentes da KGB que acompanhavam a companhia alarmaram-se quando viram o bailarino, de físico soberbo e exóticos traços tártaros, ir para bares gay em Paris e armaram a sua volta, inventando uma suposta apresentação especial no Kremlin.

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    “Quero ser livre”, proclamou Nureyev ao saltar – com habilidade profissional – uma barreira no aeroporto de Le Bourget e pedir asilo na França.

    Era o auge da Guerra Fria e foi um golpe na guerra de propaganda da União Soviética, que celebrava o pioneiro voo espacial de Yuri Gagarin.

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    Treze anos depois, em 1974, o golpe se repetiu com Mikhail Baryshnikov, outro prodígio da dança, que pediu asilo no Canadá.

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    As condições na Rússia estão ficando tragicamente parecidas com as da União Soviética em termos de repressão ao direito de opinião – com a diferença que todos os russos abaixo de quarenta anos não têm memória da estrutura rigidamente controlada da época soviética.

    A lei que permite até quinze anos de prisão para quem criticar a guerra na Ucrânia – que não pode ser chamada de guerra – é uma regressão brutal num país que nunca foi um exemplo de liberdades individuais, mas tinha todo o cardápio de acesso à informação propiciado pelo mundo digital.

    O espírito patriótico que se propaga em momentos como o atual – “Meu país, certo ou errado” – e os níveis extremos de manipulação dos principais órgãos de comunicação, todos oficiais, dão a Vladimir Putin um nível de aprovação na faixa dos 60%.

    Mas, ao contrário das poucas dezenas de dissidentes que desafiaram o que parecia ser um poder inabalável na era soviética, a oposição a Putin é muito mais disseminada e um ato de uma bailarina como Olga Smirnova tem um poderoso valor simbólico.

    Mirando o espírito patriótico de tantos cidadãos comuns, Alexei Navalny, o oposicionista que Putin tentou envenenar com o agente químico novichok e agora mantém na prisão, disse em mais uma das farsesca audiências na justiça a que é submetido regularmente que os líderes do país nada mais são do que “velhos doentios e loucos”.

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    “Eles não têm simpatia por nada nem por ninguém. E a última coisa com que se importam é o nosso país. Sua única pátria é a conta na Suíça. Tudo o que dizem sobre patriotismo é um mito, bem como uma enorme ameaça para todos nós. Está claro o que precisamos fazer. O dever de cada um de nós agora é ser contra a guerra”.

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