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Estados Unidos aumentam pressão sobre Israel e janela para guerra diminui

Biden quer menos mortos, mais rapidez e futuro com Autoridade Palestina em Gaza; Netanyahu diz isto jamais vai acontecer

Por Vilma Gryzinski 5 dez 2023, 07h38

O período do abraço solidário e do apoio incondicional, como era previsível, já passou. Joe Biden, que foi a Israel apenas seis dias depois do grande massacre de 7 de outubro, está aumentando a pressão sobre o país — e as disparidades vão ficando mais evidente.

Algumas declarações recentes de integrantes da cúpula americana dão uma ideia da mensagem:

– “Nesse tipo de luta, o centro da gravidade é a população civil. E se a empurrarmos para os braços do inimigos, trocamos uma vitória tática por uma derrota estratégica”, Lloyd Austin, secretário da Defesa. Austin disse que estava pressionando “pessoalmente” líderes israelenses para evitar baixas entre a população civil.

– “Enquanto Israel se defende, é importante como faz isso. Os Estados Unidos são inequívocos: o direito internacional precisa ser respeitado. Foram demasiadas as mortes de civis palestinos. Francamente, a escala do sofrimento de civis e as imagens e vídeos que chegam de Gaza são devastadores”, vice-presidente Kamala Harris.

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– “Existem dois milhões de palestinos lá. Vocês precisam evacuar menos gente de suas casas, ser mais precisos nos ataques, não atingir instalações da ONU e garantir que haja áreas seguras suficientes. Caso contrário, não ataquem onde exista população civil. Qual vai ser o método operacional de vocês?”, Antony Blinken, secretário de Estado, numa reunião com a cúpula israelense cujo teor foi vazado, para irritação dos americanos, mas não desmentido.

Nessa reunião, Blinken ouviu de chefe do Estado Maior das Forças de Defesa, general Herzl Halevi, que os ataques seguem os critérios da proporcionalidade e se coadunam com as normas internacionais. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, interferiu e disse que “toda a sociedade israelense está unida em torno do objetivo de desmantelar o Hamas, nem que leve meses”.

Foi aí que Blinken deu o recado mais forte: “Não acho que vocês têm crédito para isso”.

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REVISIONISTA

Ou seja, a janela de oportunidade, o período em que os Estados Unidos seguram Israel com reabastecimento bélico, apoio estratégico com dois porta-aviões e todo o aparato naval que os acompanha e a sustentação, muitas vezes solitária, nos organismos da ONU, vai acabar se fechando.

Os Estados Unidos também estão pressionando Israel a aceitar uma solução que é praticamente impossível: colocar a administração civil da Faixa de Gaza nas mãos da Autoridade Palestina, ou seja, a entidade que controla a Cisjordânia. Ou seja, os israelenses vertem sangue — mais de setenta mortos até agora —, enormes recursos e, mais uma vez, ficam isolados internacionalmente, para entregar tudo a Mahmud Abbas, o quase nonagenário líder da AP que volta e meia faz incursões revisionistas no Holocausto?

Isso não vai acontecer. Netanyahu disse isso muito claramente, traçando um paralelo com os Acordos de Oslo, que permitiram a volta de Yasser Arafat e a criação da Autoridade Palestina com jurisdição relativamente autônoma na Cisjordânia e Gaza, à época. Os acordos que deveriam preceder uma grande acomodação, abrindo caminho para um Estado palestino, propiciaram, lamentavelmente, a formação de grupos dedicados ao terrorismo, inclusive o Hamas, que se impôs em Gaza à Fatah, de Abbas.

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“ENTIDADE HOSTIL”

Essa é a perspectiva tradicional da direita e de um número crescente de israelenses. E Netanyahu, embora esteja com a popularidade no chão, literalmente, dá voz a ela.

“Tem uma coisa que com certeza não vou fazer. Não vou me iludir a ponto de dizer que o ato deformado que aconteceu sob os auspícios de Oslo em virtude de um erro terrível” seja repetido pela segunda vez, com o retorno de uma “entidade hostil” a Gaza.

“Eu não vou repetir o erro e permitir o retorno desse organismo a Gaza porque a mesma coisa voltará a acontecer”.

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Netanyahu comparou a situação ao oposto do que foi a reconstrução da Alemanha e do Japão no pós-guerra. “ É isso que até nossos bons amigos estão propondo”, acrescentou, em referência aos Estados Unidos.

“A Autoridade Palestina não combate o terror, ela a apoia. Não educa para a paz, mas para a destruição de Israel”, acrescentou. “Não é o tipo de entidade que deve entrar em Gaza”.

“Precisamos pensar diferente. Construir alguma coisa diferente”.

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FALÁCIA

Mas o quê? Qual a alternativa?

“Não temos nenhum outro interlocutor”, disse o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert. “Temos que fazer a paz com nossos inimigos. É a AP ou o Hamas”.

“Eles, da AP, não são nossos amigos, estão do outro lado. Mas as forças de segurança de Mahmoud Abbas trabalham com as nossas para evitar terrorismo na Judeia e Samaria (nome bíblico da Cisjordânia) num momento em que estamos lutando em Gaza”.

“A falta de alternativas faz maravilhas para clarear a mente”, dizia Henry Kissinger. Nesse caso, as mentes comuns se debatem para procurar clareza.

Qualquer coisa que não terminar com o aniquilamento do Hamas, incluindo seu líder, Yahya Sinwar, será considerada uma derrota de Israel. E qualquer coisa que deixe o país enrolado numa nova ocupação em Gaza vai terminar dando incrivelmente errado, como já aconteceu antes.

A Autoridade Palestina “revigorada” que assumiria Gaza de que fala o governo americano é uma falácia inexequível — exceto se os americanos tiverem algum plano secreto, envolvendo um grande acordo com países árabes que entrariam como garantidores da paz e de um estado palestino, em troca da segurança para Israel.

Se o melhor, mais tecnológico e mais avançado exército da região não garantiu a segurança de 1 200 de seus cidadãos, massacrados num único dia, quem garantiria?

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