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É permitido roubar: “gangue da champanhe” ataca mercados britânicos

Na Grã-Bretanha e em estados americanos, lenientes com o furto associado erradamente a estado de necessidade, o crime aumenta

Por Vilma Gryzinski 17 out 2024, 06h22
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  • Supermarket shoplifter
    Liberado: são 63 quadrilhas, nacionais e estrangeiras, especializadas em roubar champanhe em supermercados britânicos (Peter Dazeley/Getty Images)

    Três ladrões com fones de ouvido para se comunicar entram no supermercado, pegam carrinhos e enchem com garrafas de champanhe, o produto mais caro. Um deles aciona um alarme para desviar atenções e todos vão tranquilamente embora. Gangues de romenos operando assim em mercados britânicos já roubaram mercadorias caras no valor de mais de 500 mil reais em um ano.

    São chamadas de “gangues da champanhe”, segundo uma empresa de segurança relatou à BBC. A bebida é revendida em países europeus onde, desde o aumento da demanda provocado pelo fim da pandemia, combinado a uma safra ruim na França, o vinho borbulhante subiu de preço. É uma operação profissional. Faz parte das 63 quadrilhas de criminosos especializados em furtar lojas, aproveitando as falhas do sistema.

    Entre elas: seguranças são limitados na capacidade de intervenção, a polícia não vai realmente investigar furtos, a justiça é leniente e existe uma predisposição a achar que delitos do tipo devem ser relevados porque quem os pratica precisa comer, tomar uma cervejinha ou alguma outra desculpa equivocada. Todas decorrentes da convicção de que os criminosos são vítimas da sociedade, quando não de que a propriedade em si é um roubo, não a garantia das múltiplas liberdades intimamente conectadas a ela.

    Com um agravante: imigrantes ilegais também se passam por vítimas, desfrutando de um amplo arcabouço de proteções. Das 63 quadrilhas em ação identificadas na Grã-Bretanha, apenas 26 são dos países britânicos ou da Irlanda. As demais têm origem em países como Romênia, Albânia e outros dos Balcãs ou Europa Oriental.

    PASTA DE DENTE TRANCADA

    Comerciantes afetados começaram a usar uma tecnologia que trava os carrinhos suspeitos, mas os ladrões mudaram para cestas de mão e sacolas. Foram 443 995 furtos registrados nos doze meses anteriores a março passado, um aumento de mais de 100 mil.

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    Quem paga o preço, em valores aumentados, é o consumidor que registra suas compras direitinho no caixa ou as escaneia – uma “oportunidade” que está levando para o furto gente que, em condições normais, não faria isso e que aumenta os custos da atividade.

    Pequenos comerciantes podem ter seus negócios simplesmente inviabilizados. A associação de pequenos lojistas de Nova York registrou em abril um total de 11,2% de pontos comerciais fechados – quase o dobro do ano anterior.

    Os casos de estado de necessidade são patentes quando envolvem pessoas sem teto que entram na lojinha e saem com algum produto – na maioria das vezes para trocar por droga, uma vez que ninguém passa fome em Nova York, embora os autores dos furtos realmente precisem de um tipo de ajuda muito mais complexa que não existe ou não pode ser legalmente proporcionada, como vemos em outras grandes cidades.

    Em alguns mercadinhos, até a pasta de dente tem o cabo de segurança ou a caixa de acrílico que atesta a falência do mais elementar direito dos cidadãos, o de ser protegido em sua integridade física e material. Em bairros suburbanos dos Estados Unidos, moradores ficam sem os amplos serviços prestados por redes farmacêuticas como CVS, Walgreens e similares quando os furtos em massa inviabilizam os pontos comerciais.

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    Mas o crime em larga escala funciona nas lojas de luxo onde os ladrões miram bolsas Louis Vuitton e outros produtos caros, já encomendados pelos “distribuidores” das gangues. Entram, pegam o que foi determinado e vão embora em carros já estacionados à sua espera.

    FUGA EM MASSA

    Em nenhum outro estado isso é tão patente como na Califórnia, onde existe efetivamente uma “licença para roubar”, através de uma lei que na prática libera o furto de mercadorias no valor de até 950 dólares por dia. Existem inúmeros vídeos mostrando como, um após o outro, os ladrões entram em lojas chiques como a Neiman Marcus e saem com produtos na quantia “legalizada”. Os seguranças não fazem nada, no máximo filmam por celular, porque sabem que não haverá nenhuma consequência.

    O ultraliberal governador Gavin Newson recentemente assinou um projeto de lei que volta a “criminalizar” os furtos abaixo dos 950 dólares se comprovado que foram cometidos como parte da ação de uma quadrilha. Como dono de restaurantes e adegas de luxo, ele diz que entende os problemas dos comerciantes, mas provavelmente é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que ver a nova lei funcionar.

    A fuga em massa de lojas do centro de São Francisco, com áreas degradadas pela presença em massa de drogados que vivem nas ruas, atesta o processo inexorável. Comerciantes fecham as portas, moradores acabam indo para outros bairros e a deterioração aumenta. Enquanto as pessoas que têm menos recursos dão um duro danado para prover o básico a uma vida digna, os ladrões ostentam e riem dos trabalhadores.

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    Quando não brindam com champanhe. Cervejinha já era.

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