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Por Vilma Gryzinski
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Desastre de relações públicas na realeza vai de sumiço de Kate a suicídio

Está a família real agindo certo ao manter em sigilo total a doença da princesa, dando assim espaço para o delírio conspiratória nas redes sociais?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 mar 2024, 06h33 - Publicado em 4 mar 2024, 06h33

A princesa abre a porta (ou abrem para ela), vai até o jardim, senta-se num banco e o marido ou alguém próximo tira uma foto. A imagem é divulgada e o reino inteiro dá um suspiro de alívio. Pronto, problema resolvido.

Antes da foto, sua cabeleireira, Amanda Cook Tucker, terá feito uma escova nas longas melenas castanhas, tal como aconteceu logo depois de cada um de seus três partos, quando saiu à porta da maternidade levando um novo bebê, um sorriso de adoração maternal e uma forma tão impecável que deu origem à sua própria onda de maluquices (barriga de aluguel, poderes extraterrestres e outras do gênero).

Manter a privacidade sobre assuntos concernentes à própria saúde é um direito que pessoas públicas só podem exercer em parte e a explosão de teorias sobre o que está acontecendo com Kate, a princesa de Gales e futura rainha consorte, indica que, na era das redes sociais, isso é não só uma ilusão como uma decisão errada de relações públicas.

A única coisa que fontes da equipe de Kate e o marido William disseram foi que ela “continua indo bem”.

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PARTES INTERNAS

É muito pouco para quem vive, intensamente, da imagem: a popularidade da monarquia tem que ser alimentada com fotos e vídeos de seus integrantes fazendo o que chamam de trabalho – inaugurações, visitas a entidades beneficentes, recepção a hóspedes de estado – e nada tem mais impacto do que uma bela, bem vestida e sorridente princesa Kate.

A equipe de William e Kate insiste que não vai revelar mais nada além do comunicado original, feito depois que ela já havia sido submetida a uma “cirurgia abdominal”, em 17 de janeiro: ficaria em recuperação por até duas semanas no hospital (ficou treze dias) e retomaria as funções oficiais apenas depois da Páscoa. Em off, uma fonte disse que o tratamento não era relacionado a câncer, o que elimina cirurgias de grandes proporções seguidas de colostomia – uma das cogitações das redes sociais inflamadas.

É claro que o comunicado sucinto, cheio de espaços para dúvidas, desencadeou uma torrente de especulações. Qualquer doença que exija um afastamento tão longo só pode ser muito séria. Exclui-se portanto, em princípio, operações de vesícula, apêndice, divertículo e útero.

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É compreensível que Kate não queira ver infinitas imagens na mídia mostrando suas partes internas para apontar onde foi a cirurgia – exatamente o que aconteceu com seu sogro, quando anunciou que faria uma cirurgia para hiperplasia de próstata.

O rei Charles ficou mais discreto quando, nessa intervenção, foi descoberto um câncer de tipo não especificado. O palácio também só fala em “tratamento”, sem mencionar a palavra quimioterapia ou similares. Ele não está participando de compromissos públicos, o que faz supor um tratamento quimioterápico que causa queda de imunidade. As especulações mais constantes são sobre um câncer de bexiga, o tipo mais encontrado em intervenções na próstata

A cirurgia de Kate e a operação do rei foram anunciadas com apenas uma hora de diferença, criando um clima de crise na monarquia, com duas das quatro figuras no topo afastadas por doença.

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“ASSUNTO PESSOAL”

O mesmo clima se instalou na semana passada, quando William anunciou, com pouquíssima antecedência, que não iria à celebração religiosa marcando um ano da morte do rei Constantino da Grécia (um parente da família por vários ramos que, como não abdicou, continuou com o título, mesmo décadas depois de ter sido deposto; entre os mais íntimos, era chamado de King Con, num trocadilho com o gorilão do cinema).

O “assunto pessoal” que tirou William da cerimônia na capela de São Jorge, a poucos minutos a pé da casa onde mora com a família, no complexo do castelo de Windsor, reativou o conspiracionismo relacionado à situação real de Kate.

Detalhe para ilustrar como as informações podem ser escondidas: o ato religioso foi na terça-feira, quando todos da família já sabiam que Thomas Kingston, casado com uma prima dos membros da realeza, Gabriella Windsor, havia se suicidado no domingo à tarde.

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Bonito, rico e cheio de histórias para contar, da época em que atuou no Iraque em negociações entre tribos inimigas e em favor da libertação de reféns, Kingston também era muito ligado à Igreja Anglicana, o que aumenta o mistério sobre seu suicídio, aos 45 anos.

Tudo foi devidamente escondido, inclusive porque os pais de Gabriela, o príncipe Michael de Kent, e a mulher, Marie-Christine, compareceram ao memorial apenas dois dias depois da morte do genro.

A ausência de William, com a suspeita de que estaria relacionada à mulher, provocou um frenesi nas redes sociais movido à frase “Onde está Kate”.

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AULA MAGNA

“Eles podem ter a esperança de controlar o que dizem sobre eles, mas não podem impedir a boataria e, se lidarem mal com a informação, tornam as especulações mais sensacionalistas e mais prejudiciais”, escreveu o colunista A. N. Wilson no Daily Mail. “Não é exagero dizer que a internet explodiu com teorias descontroladas e até mortificantes sobre a saúde da família real”.

A parcimônia de informações alimentou o interesse da opinião púbica, mesmo que muitos defendam o direito de Kate a se recuperar em casa, protegida pelo direito à privacidade (numa reação só possível na Inglaterra, um leitor reclamou sobre o autor de um comentário a respeito da saúde da princesa feito na revista The Spectator: “Você não é um cavalheiro”).

O mundo das redes sociais realmente não é feito de damas e cavalheiros que elegantemente se recusam a tratar de assuntos privados dos outros. É aí que uma foto, na proteção do ambiente doméstico, atenderia esse interesse, mantendo a segurança emocional da princesa. A própria Kate fez isso ao divulgar fotos tiradas por ela no aniversário dos filhos, administrando a pressão por imagens das crianças.

O caso atual é uma espécie de aula magna ao vivo, em escala global, sobre como administrar imagem e relações públicas de algumas das pessoas mais famosas do planeta – e os erros que mesmo profissionais experientes podem cometer. Tudo isso perpassado pela lembrança do caso mais trágico de todos, o da princesa Diana e sua morte cercada por paparazzi, que certamente continua a pesar muito para William.

Ao contrário da sogra que nunca conheceu, Kate é emocionalmente estável, teve longos dez anos de namoro para se preparar para a vida única de ser uma princesa da família real e tem um casamento resolvido.

Ou pelo menos era o que todo mundo achava até recentemente.

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