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Da Irlanda à Nigéria, criminosos chantageiam e levam jovens ao suicídio

Passando-se por modelos ou interessados em namoro, os chantagistas convencem inocentes a tirar fotos comprometedoras e ameaçam divulgá-las

Por Vilma Gryzinski 13 mar 2024, 06h35

Alexander McCartney é loiro de olhos azuis, tem apenas 26 anos e uma ficha extensa. Já está preso na Irlanda do Norte, mas esta semana declarou-se culpado pela morte de uma menina de apenas doze anos. Chantageada depois de mandar fotos nua, ela acabou se suicidando.

As investigações mostraram que McCartney, de 26 anos, tinha uma vasta experiência em “catfishing”, o nome desse tipo de atividade: havia abordado com identidade falsa e chantageado cerca de cinquentas crianças e adolescentes. As vítimas eram dos Estados Unidos e da Nova Zelândia, na maioria aliciadas por Snapchat.

Todos os especialistas apelam às vítimas desse tipo de crime que se abram com um adulto no qual confiem e acreditem que os criminosos podem ser localizados, processados e condenados.

O problema, obviamente, é que os criminosos sempre estão dois passos à frente e, muitas vezes, atuam em países que não vão enquadrá-los. Também estudam o perfil das vítimas e exploram suas fragilidades. Se são filhos de famílias religiosas ou mais conservadoras, o sentimento de vergonha pode ser maior.

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Jovens que se destacam no esporte, obtendo muitos seguidores, também pode ficar mais expostos. No Reino Unido, foi descoberto todo um ramo de chantagistas voltados para jovens jogadores de rúgbi.

Ao todo, calcula-se que acontecem cem desses crimes por dia no reino e o aumento é impressionante: cerca de 390% em dois anos.

“VOU ME MATAR”

Os diálogos registrados entre criminosos e suas vítimas são de cortar o coração.

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“Por favor, me deixa em paz. Você está me fazendo mal. As fotos não tinham sido deletadas?”, implorou uma das vítimas de Alexander McCartney, também de apenas doze anos.

“Odeio fazer isso”, respondeu cinicamente o criminoso

“Aproveite sua vida miserável”, disse um dos nigerianos que chantageou Jordan DeMay, estudante e jogador de futebol americano. Ele havia conseguido pagar 300 dólares dos 1 000 exigidos. Claro que a chantagem continuou.

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“Vou me matar agora mesmo”, avisou ao chantagista.

“Ótimo. Faça isso depressa”.

Jordan suicidou-se em 2022, aos 17 anos. Os criminosos já tinham todas as informações sobre ele: escola, familiares, seguidores. “Posso mandar fotos para sua família e seguidores até que elas se tornem virais”, avisou o chantagista. O jovem, que inicialmente achava estar falando com uma modelo, sentiu-se sem saída.

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Foram indiciados os nigerianos Samuel Ogoshi, de 22 anos, Samson Ogoshi, de 20, e Ezekiel Ejehem Roberts, de 19. Eles compravam perfis hackeados e depois de enganar os interlocutores, começavam a extorsão. Tinham cerca de cem casos na ficha. Criminosos desse tipo foram localizados até nas Filipinas.

VEXAME VIRTUAL

Visar as faixas etárias mais vulneráveis – os muito jovens e os mais idosos – é uma tática comum dos criminosos on-line. Senhores de idade acham que estão falando com “ucranianas sedutoras” e começam a mandar dinheiro – e algumas ucranianas realmente dão expediente nos call centers da enganação, aparecendo na tela da vítima quando a interação avança. Avós ingênuas caem na lábia de falsos namorados e perdem suas economias.

Os adultos passam vergonha quando descobrem que foram enganados, em geral diante da família. Mas crianças e jovens ficam em posição mais vulneráveis porque são muito mais ativos nas redes sociais e a ideia de um vexame virtual é insuportável.

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“Você quer que mande tudo para seus seguidores?”, ameaçou o chantagista, provavelmente nigeriano, que encurralou Dinal De Alwis, estudante exemplar que cursava escola particular em Londres, um sinal de classe média alta na Inglaterra. A família dele era do Sri Lanka.

No mês passado, Dinal mandou uma mensagem para os pais e em seguida suicidou. Tinha 16 anos.

Por mais difícil que pareça, os pais não têm alternativa a não ser falar com seus filhos a respeito. É claro que, na maioria, eles já saberão a respeito – mas continuam vulneráveis. E os “catfishers” continuam vários passos à frente.

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