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Dá até um pouco de inveja dos escândalos argentinos do momento

Quanto deve custar um pênis de madeira e como devem ser tratados os visitantes - e principalmente as visitantes - da residência presidencial

Por Vilma Gryzinski 9 ago 2021, 08h26
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  • Florencia Peña
    Portas abertas: a atriz Florencia Peña foi uma das visitantes do presidente, numa lista que inclui adestrador de cães, cabeleireiro e cartomante - (Captura de tela/Reprodução)

    Como Brasil e Argentina vivem eternamente vigiando sucessos e fracassos mútuos, dá para dizer que, no momento, os irmãos do Cone Sul estão passando por uma fase no máximo engraçada, sem o paroxismo das grandes crises habituais.

    Ou seja, nada que abale as estruturas da república, embora provoque discussões calorosas, como o caso da licitação para compra de dez mil pênis de madeira a serem utilizados em aulas de educação sexual nas escolas públicas. 

    Nada surpreendentemente, vários concorrentes foram desclassificados por apresentar preços considerados abusivos, até 717% acima do preço de referência.

    Os objetos seriam empregados para ensinar o uso correto de preservativos, mas o processo acabou suspenso porque “todas as ofertas foram fracassadas”.

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    As inevitáveis piadas a respeito também estão temporariamente arquivadas e, por causa da suspensão da licitação, ninguém pode falar em pênis superfaturados.

    Em compensação, está pegando fogo outro caso cheio de duplos sentidos: o das visitas de personalidades do mundo do espetáculo no ano passado a Olivos, a residência presidencial, quando estava em vigor o mais estrito confinamento e a proibição de contatos fora da unidade familiar.

    A visita de maior repercussão foi a da atriz e apresentadora Florencia Peña. Também vazaram registros de entrada e fotos mostrando até nove pessoas reunidas para comemorar o aniversário do presidente Alberto Fernández e de sua mulher, a jornalista Fabíola Yañez. 

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    Foi apresentada denúncia na justiça contra todos, por infração ao Isolamento Social Preventivo e Obrigatório, assinado pelo próprio Fernández. Entre os envolvidos, está um adestrador de cães, contratado para ensinar Dylan, o collie de Fabíola que tem o mesmo nome do cachorro da mulher de Boris Johnson, Carrie. 

    O cabeleireiro dela foi 62 vezes à residência durante o período em que todos os salões de beleza estavam fechados para os mortais comuns. Ah, sim, uma leitora de tarot também passou duas horas com o presidente antes que ele tomasse a decisão de decretar o confinamento.

    O promotor responsável pela denúncia quer os registros completos de todos os visitantes de Olivos durante o confinamento, o que só poderá dar mais confusão ainda.

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    Não que o material levantado até agora não tenha provocado confusões em quantidade suficiente para alimentar a indústria das fofocas políticas e do mundo das celebridades.

    Num comentário de gosto duvidoso e nada sutil, o deputado oposicionista Fernando Iglesias tuitou o seguinte: “Para mim, a senhorita ia ajudar a encontrar o botão que acende a economia para colocar a Argentina em pé”.

    O colega de bancada Waldo Wolff comentou: “Mas ela de joelhos, não?”.

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    De forma mais genérica, Iglesias, um ex-técnico de vôlei, professor de tango e cientista social, disse também que só em governos peronistas aconteciam escândalos sexuais.

    Florencia Peña considerou que ela era a “senhorita” mencionada, teve uma crise de nervos e não conseguiu apresentar seu programa de debates. Quando se recuperou, defendeu-se de forma arrebatada e usou expressões fora da norma culta para dizer que não era uma prostituta do presidente.

    Também entrou com denúncia contra Iglesias e Wolff, acusando-os de “violência de gênero psicológica, mediática, institucional e simbólica”. Deputadas peronistas pediram a cassação dos dois e até políticas da oposição condenaram os comentários de duplo sentido.

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    Florencia diz que foi ao encontro de Fernández em maio do ano passado para discutir apoio ao trabalho dos atores em geral num momento de crise em que tudo estava parado, num encontro à luz do dia – embora os registros tenham sido mantidos em sigilo.

    Apesar da reabertura de atividades, a Argentina continua numa situação complicada, com 107 mil mortos por Covid-19 (381 por milhão de habitantes, ainda bem abaixo dos 656 do Brasil). Alberto Fernández tem desaprovação de 61%.

    A economia lida com desvalorização da moeda, controle cambial (e nada menos que dez tipos de câmbio), inflação de 50%, preços artificialmente engessados, exclusão do mercado internacional e uma situação tão única que desde o ano passado o Morgan Stanley a tirou da categoria “mercados emergentes”, colocando-a na lista dos “standalone”, países inclassificáveis, como Palestina, Líbano ou Botswana.

    O que é uma licitação de pênis artificiais ou um escândalo menor, envolvendo uma apresentadora de televisão, um adestrador de cães e um cabeleireiro, entre outros personagens, diante de uma crise sistêmica como a que a Argentina vive permanentemente?

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