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A justiça politizada: os processos contra Trump tropeçam no grande mal

É possível achar as piores coisas do ex-presidente, mas é impossível não ver como a política interfere até na grandiosa justiça americana

Por Vilma Gryzinski 30 Maio 2024, 08h01

A filha do juiz Juan Merchan, um colombiano que o destino levou a presidir o julgamento contra Donald Trump, com veredicto previsto para hoje, tem uma empresa digital que presta serviços a importantes políticos democratas, inclusive alguns que fazem do antitrumpismo sua principal bandeira.

Não estavam a imparcialidade e a impessoalidade de Merchan comprometidas?

Trump, de maneira formidavelmente trumpista, definiu-o assim, ainda durante o julgamento: “O juiz Juan Merchan, um homem de aparência muito distinta, é no entanto um comprovado odiador de Trump que sofre de um caso muito sério de síndrome de distúrbio trumpista. Em outras palavras, ele me odeia!”.

“Sua filha é alta executiva de uma empresa democrata superliberal”, que trabalha para o deputado Adam Schiff, o Comitê Nacional Democrata e até Joe Biden.

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O juiz proibiu-o de falar em várias ocasiões, mas quem controla Donald Trump?

BANDEIRA INVERTIDA

Atacar é seu método de defesa e dá até para desconfiar que ele queira ser preso – muito rapidamente – por achar que viraria um mártir e levaria a eleição de novembro, na qual atualmente tem uma vantagem apertada. Evidência número 1: já se comparou a Nelson Mandela. Agora, disse que “nem Madre Teresa” escaparia dos crimes “fabricados” atribuídos a ele.

Apesar dos exageros trumpistas, o juiz Juan Manuel Merchan deveria realmente ter se recusado a presidir um julgamento de altíssimo teor político, no qual os jurados foram instados a definir se o candidato à reeleição teve a intenção de cometer um crime eleitoral quando mandou seu advogado na época, Michael Cohen, pagar um cala-boca de 130 mil dólares para a atriz pornô Stormy Daniels não divulgar um encontro sexual, durante a campanha de 2016.

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Nem a Comissão Eleitoral Federal vislumbrou um crime dessa natureza.

Outra acusação: o reembolso a Cohen foi computado como honorários advocatícios, uma manipulação contábil que já estaria prescrita – se, obviamente, o réu não se chamasse Donald Trump.

Uma comparação: comentaristas e políticos democratas estão exigindo que Samuel Alito, juiz conservador da Suprema Corte, se exima de qualquer caso relacionado à invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021. Motivo: sua mulher hasteou no jardim uma bandeira americana em posição invertida depois de um bate boca com vizinhos que usaram palavrões contra ela, diretamente, e contra Trump, num cartaz improvisado no jardim. Em suma, uma bobagem.

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FOTO DO BANHEIRO

Imaginem se uma filha de Alito trabalhasse para políticos republicanos, como faz Loren Merchan para importantes democratas.

A bandeira invertida é considerada um sinal de apoio aos trumpistas da invasão do Congresso, mas não há conflito de interesses numa relação comprovada de trabalho?

Mais uma conexão indevida foi a de Matthew Colangelo, ex-número 3 do Departamento da Justiça no governo Biden, contratado para reforçar o time da promotoria. É ético trabalhar num governo e em seguida passar para a equipe de acusação de seu maior adversário?

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O processo dos “papéis secretos no banheiro”, simbolizado por uma foto irresistível que correu o mundo, mostrando caixas armazenadas num banheiro da mansão de Trump na Flórida? Enganosa: apenas alguns poucos documentos eram sigilosos e o FBI não registrou a ordem em que foram encontrados – procedimento completamente anômalo.

IMPÉRIO DA LEI

Outro indício de que Trump passa por um crivo que não é aplicado a réus comuns. Escandalosamente, a promotora do caso de tentativa de interferência eleitoral na Geórgia, Fani Williams, usou verbas oficiais destinadas à investigação para contratar como assistente um advogado com o qual estava tendo um relacionamento. Os dois fizeram várias viagens românticas juntos, mas ela disse que não abusou de verbas públicas: reembolsou-o em dinheiro vivo. Sem, obviamente, pegadas.

Seria de dar risada se o juiz do caso, Scott McAfee, não tivesse permitido que a promotora, depois de uma leve admoestação, continuasse à frente da ação.

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É, simplesmente, escandaloso e contribui para a forte impressão de que o judiciário americano, legendário por sua independência e estrita adesão aos princípios da lei, e nada mais do que a lei, está sendo contaminado pela política. É uma perda para o país e para o mundo: quem nunca viu um filme em que advogados, promotores ou juízes são heroicos defensores da verdade e da justiça acabam conseguindo comprová-las? Quem nunca invejou o império da lei na magnitude que ganhou nos Estados Unidos?

Levar um ex-presidente a julgamento deveria ser uma comprovação de que, no estado de direito, nem os poderosos escapam do peso da lei. Os casos contra Trump estão dando indícios contrários: as preferências políticas dos membros do judiciário podem interferir em suas decisões e destruir um candidato com boa possibilidade de ser eleito, principalmente contra um presidente como Joe Biden, com minguada aprovação de 39%, se torna mais importante.

Com seus instintos viscerais, Trump já percebeu que tem mais a ganhar do que a perder se parecer perseguido pelo “sistema”. Ele, claro, e Nelson Mandela.

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