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Por Vilma Gryzinski
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A droga que mata mais americanos do que todas as guerras desde Vietnã

Mortes por overdose de fentanil passaram de 110 mil no ano passado e muitos nem sabem que estão tomando a devastadora substância

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 fev 2024, 12h13 - Publicado em 29 fev 2024, 06h42

“Nós temos mais americanos morrendo de fentanil do que nas guerras do Afeganistão, Iraque e Vietnã combinadas”, disse no fim do ano passado a ex-governadora republicana Nikki Haley, dedicada à tarefa impossível de competir com Donald Trump pela candidatura presidencial.

Nas guerras mencionadas, morreram 65 mil americanos, sendo que a maioria – 58 mil – no Vietnã. O fentanil levou 110 mil em 2023.

O opiáceo sintético é fácil de produzir, barato e cinquenta vezes mais potente do que a heroína. As vítimas ultrapassam amplamente o “cenário Cracolândia” visto em grandes cidades americanas, aglomerando drogados em estado extremo de degradação. Muitas vítimas nem sabem que estão tomando fentanil: a substância é adicionada a outras drogas, consideradas menos perigosas, para torná-las mais potentes e fidelizar a clientela.

Por causa disso, muitos dos 20 adolescentes mortos por fentanil, em média, por semana estavam experimentando drogas pela primeira vez. A morte de usuários muito jovens ganhou destaque com a tragédia recente envolvendo Marco Tropo, um menino lindo e rico de 19 anos, encontrado no alojamento de Berkeley onde estava cursando a Universidade da Califórnia. Ele era filho de Susan Wojcicki, que foi a CEO do YouTube, com uma fortuna avaliada em mais de 700 milhões de dólares.

“Ele não morreu de overdose. Foi envenenado”, escreveu James Fishback no site The Free Press.

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COMPRIMIDOS TURBINADOS

Fishback tem uma ONG dedicada a esclarecer jovens sobre o perigo da droga. Através dela, conheceu dezoito famílias de adolescentes mortos por fentanil. Um dos mais jovens foi Lucas Manuel, de apenas treze anos. É um choque ver o rosto infantil do menino, que comprou pelo Snapchat o que achava ser comprimidos de Percocet, um opiáceo feito originalmente como analgésico.

“Não era nem uma mistura com Percocet. Ele só tinha fentanil no organismo”, contou a mãe de Lucas, Amanda Faith.

O precursor do fentanil é fabricado na China e processado no México para o mercado americano. O custo é de 0,10 centavos de dólar por comprimido “turbinado”, vendido por 10 a 30 dólares. A droga é subrepticiamente colocada até num medicamento como o Adderall, destinado a quem tem Síndrome de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas usado também por estudantes antes de provas e outros testes para ficar mais alertas.

O fentanil está provocando reações até em países onde o uso de drogas foi liberado, por ação ou omissão, como na Holanda, onde os mais assustados dizem que as gangues marroquinas estão transformando um dos lugares mais liberais e pacíficos do mundo num narcoestado.

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USO HOSPITALAR

Obviamente, os holandeses não vivem num narcoestado – isso é um privilégio da América Latina, a região mais violenta do globo, em matéria de criminalidade, justamente pelo caráter territorial das disputas entre traficantes. Mas o embate de ideias e políticas sobre drogas não acaba de modo algum com a liberação.

As apreensões de fentanil no Brasil começaram no ano passado e não vão se limitar a casos episódicos.

A substância, abreviada pelos viciados americanos para “fen”, foi criada em 1959 como analgésico cirúrgico limitado ao uso hospitalar.

A agência americana de combate às drogas procura fazer campanhas de esclarecimento sobre o perigo do fentanil, inclusive com painéis com fotos das vítimas. Ver tantas vidas ceifadas, muitas no auge da juventude, deveria ser um alerta, mas sabemos que os seres humanos têm tendência a gostar de experimentar substâncias que alteram a percepção e proporcionam prazer. Com o fentanil, estão sempre a um pequeno passo da morte. Desde 2020, já foram mais de 300 mil mortes nos Estados Unidos. E o número só está aumentando.

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