Todos os anos mais de 2,8 bilhões de pessoas viajam de avião e poucas vezes paramos para pensar se passar tantas horas dentro de uma cabine pressurizada faz bem para a nossa saúde e se podemos ficar doentes por conta disso.
Apesar de serem raros, os casos podem acontecer como ouvimos vez ou outra no noticiário. Passageiros mais idosos ou com doenças pré-existentes devem sempre procurar um médico antes de viagens mais longas para ter informações mais específicas.
A maior parte dos problemas que podem acontecer se devem ao ar mais rarefeito e seco das cabines de avião. Mesmo com as cabines sendo pressurizadas e mantendo a pressão que equivale a 1.829 m – 2.438 m, passageiros com problemas cardiopulmonares, cerebrovasculates, anemia ou doença falciforme podem sentir mais os efeitos de viajar de avião do que passageiros saudáveis.
Recomenda-se que pessoas com estes problemas, além daqueles que possuem histórico de trombose, embolia pulmonar, doenças nos pulmões, sejam recém-operados, tenham epilepsia, sofrido derrames ou até mesmo diabetes procurem seu médico antes de viajar.
Vale também lembrar que é sempre importante que os remédios de uso contínuo _e aqueles para emergências_ estejam na mala de mão e não na mala que for despachada. Eu tenho bronquite desde pequena e, apesar de hoje em dia não ter mais crises, sempre ando com a minha bombinha na minha necessaire de voo para o caso de um imprevisto.
De acordo com o CDC, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, emergências médicas acontecem em aproximadamente um em cada 600 voos, o que equivale a cerca de 16 emergências a cada um milhão de passageiros.
Ainda de acordo com dados deles, os principais problemas que ocorrem durante voos são: síncopes (desmaios) ou pré-síncopes, com 37%, problemas respiratórios, com 12%, náusea ou vômitos, com 10%, problemas cardíacos, com 8%, e convulsões, com 6%.
Se você ficou preocupado com o que leu até aqui, calma. Mortes durante voos são raras e o CDC estima que seja de 0,3 para um milhão de passageiros, sendo que dessas, dois terços são causadas por problemas cardíacos.
Os problemas mais frequentes que podem ocorrer em viagens são:
1. Dor de ouvido
Ocorre especialmente na decolagem e na aterrisagem, quando a mudança de pressão é mais brusca. Conhecida como barotrauma, é uma lesão que acontece quando há mudanças repentinas na pressão e no volume dentro do ouvido por conta de pressão atmosférica. Ela ocorre porque a membrana do tímpano precisa ter a mesma pressão interna e externa. Em casos extremos, pode até romper o tímpano.
2. Dor na face
As mudanças de pressão a bordo também podem ocasionar dores nos seios da face. O ar geralmente entra e sai das cavidades faciais pelo nariz e quando estão bloqueadas por conta de resfriados, sinusites ou mesmo alergias, podem causar bastante dor e a sensação de que há uma pressão forte na região dos seios da face.
3. Dor de dente
Também por conta da pressão na cabine do avião ela geralmente ocorre em passageiros que estão sendo submetidos a tratamentos dentários, como os de canal, por exemplo.
4. Gases
Se você ainda não sofreu com isso ou nunca cruzou com um vizinho com gases num avião levante as mãos para o céu. Isso porque é super comum que as pessoas tenham mais gases quando estão numa cabine pressurizada. Este fenômeno acontece porque a expansão dos gases contidos no organismo humano faz com que o seu volume dobre, causando desconforto abdominal e até dispneia, ou a popular falta de ar. Para evitar, nada de comidas que possam fermentar ou bebidas gasosas, entre outros alimentos que devem ser evitados antes de uma viagem de avião. Este problema também pode ocorrer com pacientes recém-operados.
5. Doença do movimento
Chamada de cinetose, ela nada mais é que aquele mal estar que muita gente sente quando anda de avião, carro ou até mesmo montanhas-russas. Para que o nosso corpo possa se orientar, o sistema nervoso central combina informações transmitidas pela visão, pelo tato e pelo labirinto. Mas, quando há algum tipo de conflito no registro destas informações, a cinetose se manifesta. Um dos primeiros sinais a aparecer é a palidez, seguida por bocejos, inquietação e suor frio. Depois podem ocorrer náusea, salivação excessiva, desconforto físico, fadiga, dor de cabeça, tontura e vômitos. Nos casos mais extremos pode causar desequilíbrio, queda da pressão, desidratação e abatimento físico e psíquico.
6. Trombose
A imobilização por um longo tempo somada a fatores pré-existentes podem contribuir para que tromboses aconteça em voos com mais de quatro horas de duração. Os passageiros com mais risco de sofrer com isso são aqueles com problemas de coagulação, doenças cardiovasculares, recém-operados, com histórico na família, os que fazem reposição hormonal, muito altos ou muito baixos, com câncer, grávidas, que sofrem com varizes, fumantes, obesos, idosos e que sentam-se nas poltronas do meio ou na janela. Os sintomas costumam aparecer a bordo ou até 30 dias após o voo e entre eles estão alterações vasculares, infartos e embolias. Movimentar-se durante a viagem, hidratar-se, evitar álcool, café e medicações para dormir estão entre os cuidados a serem tomados.
Para quem tem interesse em saber mais sobre o tema, no Brasil existe a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, uma entidade sem fins lucrativos, que em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo criou uma cartilha chamada “Doutor, posso viajar de avião?” para tirar as principais dúvidas de quem vai voar. Foi de lá, inclusive, que saiu a maior parte das informações deste post 😉