(Sem título. Sobre ‘Ensaio Sobre a Cegueira’)
Sua escrita seria como um vômito ortográfico, expelido para fora com um minimo de regras, que realçam o entendimento da historia. As figuras, aqui descritas, não recebem nomes como Ana ou José mas sim como as características que possuem, um é o homem de venda, a outra é a rapariga de óculos escuros e assim por diante. Os lugares […]
Sua escrita seria como um vômito ortográfico, expelido para fora com um minimo de regras, que realçam o entendimento da historia. As figuras, aqui descritas, não recebem nomes como Ana ou José mas sim como as características que possuem, um é o homem de venda, a outra é a rapariga de óculos escuros e assim por diante. Os lugares também são indefinidos, não existe o Morumbi ou a Favela da Rocinha. Esta falta de definição exatas realça o valor que se da apenas as características externas das pessoas.
Conta uma doença que se alastra por todo o mundo, uma cegueira, não negra mas sim branca. Dentro deste fato mostra o lado animal do homem, cego, age sobre os seus extintos, cria as suas próprias normas nos locais onde dominam. Ao mesmo tempo em que o animal irracional, os demais animais, por não ser atingido por esta cegueira de leite é humanizado por seus atos, torna-se mais racional, inversamente ao homem.
A principal figura nesta historia é a mulher do medico que por não ter sido atingida pela visão branca descreve o que se vê, desde o isolamento dos atingidos pela doença clara até a manifestação plena desta pandemia em todo o perímetro urbano.
Neste livro, Saramago segue os pensamentos de Hobbes, onde o homem não é um ser sociável por instinto e sim por extrema necessidade. A visão como forma de controle onde se determina o fluxo da vida pelo que é esteriotipado, exteriorizado, sem ela sobra o interior do monstro humano, um vazio que sobre a fraqueza do próximo vê o seu triunfo.
Rodrigo Monice