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Jane Austen dá surra de chicote em ’50 Tons de Cinza’

A trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza (Intrínseca), criada pela escritora britânica E. L. James, não é só um fenômeno pelos números que possui. Depois de vender 70 milhões de cópias no mundo (3,5 milhões no Brasil) e ter garantida uma adaptação para o cinema que recheou em 5 milhões de dólares a conta bancária da […]

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2020, 06h45 - Publicado em 2 mar 2013, 09h42
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  • A trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza (Intrínseca), criada pela escritora britânica E. L. James, não é só um fenômeno pelos números que possui. Depois de vender 70 milhões de cópias no mundo (3,5 milhões no Brasil) e ter garantida uma adaptação para o cinema que recheou em 5 milhões de dólares a conta bancária da autora, a série se multiplica em referências, títulos de oportunistas de plantão e paródias divertidas da quente relação sadomasoquista entre Christian Grey e Anastasia. Entre as paródias, merece destaque o livro Cinquenta Tons do Sr. Darcy (tradução de Natalie Gerhardt, Bertrand Brasil, 307 páginas, 27 reais), lançado em dezembro no Brasil. O título combina um dos maiores clássicos da literatura britânica de todos os tempos, o oitocentista Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, com aquele que é o maior best-seller britânico da história. E não é só isso. São duas representações antagônicas do feminino, que aqui se chocam para ridicularizar o pornô de menininha que vem dominando a lista dos mais vendidos. E também para lembrar como é mal escrito o livro de E. L. James.

    Cinquenta Tons do Sr. Darcy

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    Feito por uma pessoa que não quer se identificar – talvez por ter vergonha de assumir que leu a obra de E. L. James –, o livro é assinado por pseudônimos. Quem dá nome ao autor na versão brasileira é Emma Thomas e, na americana, William Codpiece Thwackery. Como no Cinquenta Tons original, a protagonista da paródia é virgem e pobre e se apaixona por um rico e charmoso sadomasoquista. A diferença é que a mocinha é Elizabeth Bennet e o rapaz, Fitzwilliam Darcy, o casal do romance de Jane Austen. Lizzie, como é chamada a protagonista, é uma mistura equilibrada da heroína do clássico e de Anastasia Steele, a personagem insossa da trilogia erótica do século XXI.

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    Ela é apresentada ao ricaço Darcy e, ao mesmo tempo em que não consegue tirá-lo da cabeça, não quer se deixar envolver por considerá-lo pretensioso e orgulhoso – além de pervertido. O tempo todo, a mocinha se vê nesse conflito entre a sua consciência, que lhe diz para não ceder aos encantos de Darcy, e a sua “deusa interior” (detalhe vergonhoso emprestado por pilhéria do Cinquenta Tons original), que tenta convencê-la a se entregar a ele. A história se passa à época de Orgulho e Preconceito, na Inglaterra do começo do século XIX. E, por saber que nesse período as mocinhas não se submetiam tão facilmente aos prazeres da carne, o autor da paródia não é tão explícito quanto E. L. James é na obra que o inspirou.

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    As conexões entre os dois livros se acentuam ao longo da história, o que dá a impressão de que o autor de Cinquenta Tons do Sr. Darcy de fato leu cada volume de James. Mas, desde as primeiras palavras, a paródia deixa claro o que é: uma grande piada. O problema é que, de tanto insistir na graça e nas frases de duplo sentido, que se repetem sem parar, a leitura se torna cansativa.

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    Ainda assim, o livro tem o trunfo de tornar patente, de forma bem-humorada, a duvidosa qualidade literária de Cinquenta Tons de Cinza. Durante uma discussão acalorada com Darcy, Lizzie admite: “Pois saiba que o senhor é um personagem mal desenvolvido e unidimensional. Cinquenta tons? Está mais para dois: desesperado por sexo e mal-humorado”. Precisa dizer mais?

    Meire Kusumoto

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