Assine VEJA por R$2,00/semana
VEJA Meus Livros Por Blog Um presente para quem ama os livros, e não sai da internet.
Continua após publicidade

Ferreira Gullar, 80 anos

.

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 23h28 - Publicado em 10 set 2010, 09h46
  • Seguir materia Seguindo materia
  •  

    Publicidade

    “Estou rodeado de mortes / Defuntos caminham comigo na saída do cinema”, escreve Ferreira Gullar em Reencontro, um dos poemas de Em Alguma Parte Alguma (José Olympio, 144 páginas), livro que chega quebrando um silêncio de 11 anos. Silêncio e morte são, aliás, temas recorrentes numa obra que se pode chamar de madura – principalmente no dia que o poeta maranhense faz 80 anos, 10 de setembro.

    Publicidade

    Considerado o maior poeta brasileiro em atividade, Gullar, ao contrário da impressão que pode criar a recorrência da morte em seus versos, emite sinais claros de vitalidade. Além de um novo livro de poemas, o maranhense, que se dedica também à pintura – as plásticas são sua segunda arte –, lança uma obra de colagens, Zoologia Bizarra (Casa da Palavra, 88 páginas). Um livro povoado de animais gerados por acaso, no ano em que conquistou o Prêmio Camões.

    Nos dois casos, está presente o espanto, motor criativo do poeta (“estou eterno”), além das possibilidades de significados multiformes (“estou num tempo branco”), da contemplação do caos (“só o que não se sabe é poesia”) e de resvalos constantes na filosofia (“o homem tenta / livrar-se do fim / que o atormenta / e se inventa”). Elementos que podem ser vistos nos dois poemas abaixo, extraídos de Em Alguma Parte Alguma.

    Publicidade

    E vem mais Gullar por aí: uma peça sua, o monólogo O Homem como Invenção de si Mesmo, deve ganhar em breve os palcos paulistanos – leia mais aqui. Neste outro link, você também pode ouvir Gullar recitar dois de seus novos poemas.
    .
    .
    .
    .

    Anoitecer em Outubro
    .
    A noite cai, chove manso lá fora
    meu gato dorme
    enrodilhado
    na cadeira

    Num dia qualquer
    não existirá mais
    nenhum de nós dois

    Continua após a publicidade

    para ouvir

    nesta sala

    Publicidade

    a chuva que eventualmente caia

    sobre as calçadas da rua Duvivier

    Publicidade

    .
    .
    .
    .
    .
    Flagrante

    o meu gato
    na cadeira
    se coça

    Continua após a publicidade

    corto papéis coloridos na sala

    e os colo num caderno

    Publicidade

    a manhã clara canta na janela

    estou eterno
    .
    .

    Maria Carolina Maia

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.