“Segundo o regulamento da Fifa, se o país-sede da Copa estiver em guerra, o evento será realizado na sede anterior…” Antes mesmo de o presidente russo Vladimir Putin se pronunciar sobre os bombardeios ordenados por Estados Unidos, Reino Unido e França à Síria na última sexta-feira, as redes sociais já falavam sobre uma possível mudança de sede da Copa do Mundo de 2018, marcada para começar em 14 de junho, em Moscou. A Rússia possui estreita relação com o governo sírio, o que provocou preocupações sobre novos conflitos entre russos e americanos e em relação à segurança dos torcedores e atletas no Mundial de futebol. Uma mudança de sede ou até a não realização do torneio por causa de uma guerra não seriam fatos inéditos, mas, para decepção de muitos torcedores, o Brasil não tem nada a ver com essa história.
Ao contrário do boato espalhado em grupos de WhatsApp, o regulamento da Copa do Mundo de 2018 não traz sequer uma linha sobre um possível retorno à sede anterior, nem mesmo sobre a possibilidade de a Copa de 2018 não ocorrer na Rússia. Além disso, a menos de dois meses para o início do torneio, seria inviável pensar em uma transferência de sede, já que a maioria dos ingressos já foi vendida e é obrigatória a realização de eventos-teste antes do Mundial. Em caso de guerra na Rússia, o mais plausível seria o adiamento desta edição, como já ocorreu no passado.
A primeira edição do Mundial aconteceu em 1930, no Uruguai, e as seguintes ocorreram em 1934, na Itália, e em 1938, na França, já no contexto da II Guerra Mundial (1939-1945) – ambas foram vencidas pela Itália, sob a suspeita de influência do líder fascista Benito Mussolini. Durante a guerra, a Fifa optou por não realizar as Copas de 1942 e 1946. O torneio só voltaria a ser realizado em 1950, justamente no Brasil, com vitória uruguaia sobre os anfitriões no Maracanã.
A história registra também uma mudança de sede: a Copa de 1986 deveria ter ocorrido na Colômbia, mas o país sul-americano desistiu e o evento retornou ao México, casa do Mundial de 1970. Na época, o governo colombiano alegou dificuldades econômicas e insatisfação com as exigências da Fifa, e abriu mão do evento. A renúncia, porém, ocorreu em 1982, com tempo de sobra para a escolha de uma nova sede – a Fifa ofereceu a chance a Brasil, Canadá e Estados Unidos, mas os três países recusaram.
Abusando da imaginação, caso a Fifa decida adiar a Copa de 2018 e realizá-la, por exemplo, em 2019 ou 2020, ainda assim, dificilmente o torneio retornaria ao Brasil, já que a entidade trabalha com um sistema de rodízio de continentes e, após a Copa na África (2010) e a na América (2014), os próximos eventos devem ocorrer na Europa e na Ásia.
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