Jair Bolsonaro não teve a prisão decretada por racismo
Vídeo com imagens do 'Jornal Nacional' que circula na internet é montagem. Deputado federal foi 'apenas' denunciado pelo crime ao STF
Pré-candidato à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) é o político que mais se beneficia com o viés positivo de notícias falsas a seu respeito, conforme levantamento exclusivo publicado por VEJA em janeiro (confira aqui o resultado). Nem toda fake news sobre o capitão da reserva do Exército, no entanto, engrandece sua imagem.
Tem circulado nas redes sociais e no WhatsApp nos últimos dias um vídeo em que o Jornal Nacional, da TV Globo, teria noticiado que “saiu um mandado de prisão” contra Jair Bolsonaro pelo crime de racismo. Veja abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=EJi9eF74ebE
O vídeo em que o apresentador William Bonner anuncia o tal mandado de prisão contra Jair Bolsonaro não passa de uma montagem tosca e mal feita.
Além da perceptível mudança no tom de voz de Bonner, basta observar a diferença entre a gravata que o jornalista exibe no primeiro plano do vídeo, lilás, e a gravata roxa com listras brancas que ele aparece usando depois que imagens de Bolsonaro fazem a “transição”.
Os gênios da edição que montaram o vídeo falso sobre a prisão de Jair Bolsonaro utilizaram trechos do telejornal no dia 13 de abril de 2018, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o deputado federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de racismo contra negros, quilombolas e refugiados durante uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril de 2017. É deste assunto que os apresentadores do Jornal Nacional estão falando a partir dos 4 segundos do vídeo – e não de um mandado de prisão contra o presidenciável.
Na acusação apresentada ao Supremo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o Bolsonaro seja considerado culpado por duas incidências de racismo, com pena de um a três anos de prisão em regime fechado cada uma, mais o pagamento de uma multa por danos morais coletivos, no valor indenizatório mínimo de 400.000 reais.
No discurso que o levou a ser denunciado, Jair Bolsonaro disse que os quilombolas “não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”.
Uma vez apresentada a denúncia, cabe ao STF decidir se aceita ou não a acusação. Caso a denúncia seja acolhida, Bolsonaro se torna réu e será julgado.
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