A notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode banir viagens do Brasil para os Estados Unidos vai confirmando a avaliação feita à coluna pelo diplomata Rubens Ricupero de que estamos nos tornando um país pária. Mesmo com a escolha do presidente Jair Bolsonaro de fazer de Trump o aliado preferencial de seu governo, a atitude do político norte-americano parece ser a de se afastar do Brasil.
“Eles [os brasileiros] estão tendo problemas. Estamos preocupados com tudo. Não desejamos que pessoas venham aqui e infectem outras pessoas. Não quero pessoas doentes lá também. O Brasil está tendo problemas, sem dúvida”, afirmou Trump nesta terça-feira, 19, durante reunião aberta à imprensa.
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Clique e AssineA afirmação de Trump aconteceu no mesmo dia em que o Brasil registrou o maior número de mortes causadas pelo coronavírus no período de 24 horas. Foram 1.179 novos óbitos confirmados. Bolsonaro insistentemente se manifesta contra o isolamento social como forma de prevenção da doença e tenta flexibilizar as regras impostas por governadores de todo o país.
Como o diplomata Rubens Ricupero afirmou à coluna, “parece cada vez mais claro que o Brasil se encaminha celeremente para se tornar o epicentro mundial da pandemia”. “Epicentro no sentido de país onde o crescimento da curva de aumento de casos, de mortes e colapso do sistema hospitalar será de longe o mais grave, em comparação aos demais países”, disse.
Líderes de nações vizinhas, como Argentina e Uruguai, já declararam que veem com preocupação a perda de controle no Brasil, e o que isso significa para a população de seus países.
Essa insistência do presidente em minimizar os efeitos do coronavírus vai escanteando o Brasil também de qualquer protagonismo nas relações diplomáticas internacionais, especialmente que diz respeito à pandemia.
O Brasil não participou de nenhuma das iniciativas recentes tomadas no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS): a reunião de Chefes de Estado pela internet patrocinada pelo presidente da França, Emanuel Macron, ou a proposta da União Europeia de reunir mais de sete bilhões de Euros para desenvolver uma vacina.
Até a candidatura brasileira à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), antes dada como certa, passou a correr riscos após as denúncias do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro contra Bolsonaro, e que apontam para a tentativa de interferência na Polícia Federal.
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