Em seu depoimento à Polícia Federal, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, colocou Jair Bolsonaro em maus lençóis.
E por vários motivos.
O primeiro deles é o fato de expor, mais uma vez, a obsessão do líder da extrema-direita em tentar deslegitimar as instituições brasileiras e as urnas eletrônicas.
O segundo é o fato de dizer, nas investigações, que não concordava com as declarações do então presidente sobre o sistema eleitoral brasileiro, e que até orientou a bancada do Partido Liberal a votar contra o voto impresso, uma das “maiores bandeiras” – digamos assim – do seu governo.
Valdemar também deu detalhes sobre a contratação de uma empresa para fazer análise das urnas eletrônicas, e que acabou embasando um pedido do PL para que o TSE anulasse 59% das urnas no segundo turno.
Óbvio que é preciso compreender quem é Valdemar Costa Neto – um político hábil, que já sobreviveu a casos como o do mensalão do PT, que o levou à prisão por alguns anos. Após cumprir a pena, ele voltou à política e hoje lidera o partido com a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Isso que é “volta por cima”.
Essa malandragem política está exposta também em seu depoimento. Sabe-se agora que Valdemar Casta Neto disse à Polícia Federal que não acreditava nas acusações levianas de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, mas, ao mesmo tempo, entrou no jogo político do ex-presidente ao querer discutir a lisura de parte das urnas.
Acabou se dando mal com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que multou o partido por litigância de má-fé, bloqueando milhões no fundo partidário.
Mas o que importa é a sinalização de suas declarações à PF. Há quem acredite, na corporação, que Valdemar tem mais a falar. Foi o que contaram à coluna alguns investigadores da polícia.
A verdade é que este depoimento começa a mostrar que Valdemar, para salvar a própria pele, poderá sim abandonar Jair Bolsonaro no relento – e sem coberta, meus amigos.