Os amigos de Bolsonaro cooperam com as investigações.
Isso se pode dizer.
O ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem gravou o seu próprio chefe, Jair Bolsonaro, numa reunião muito comprometedora. Depois, cuidadosamente, guardou a gravação até ela ser descoberta pela Polícia Federal.
O tenente coronel Mauro Cid filmou uma reunião de julho de 2022 em que o ex-presidente discutiu as alternativas (golpistas) a fazer caso o então candidato e hoje presidente Lula ganhasse as eleições. O ajudante de ordens manteve o vídeo em seu próprio computador até entregar para a PF.
Seu pai general Lourena Cid fotografou a si mesmo no reflexo do vidro junto com a joia que estava sendo surrupiada do patrimônio público para ser vendida no exterior até a Polícia Federal descobri-la.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres escondeu no cantinho mais precioso da casa, junto com fotos da família, a minuta de um golpe de Estado até a apreensão pela PF.
Então, sob certo ponto de vista, pode-se dizer, leitores desta coluna, que Jair Bolsonaro escolheu bem ajudantes e amigos. Eles estavam dispostos a fazer tudo pelo chefe, inclusive cometer crimes, mas guardaram zelosamente as provas disso.
A descoberta de que Alexandre Ramagem gravou a reunião em que Bolsonaro, o general Heleno, ele próprio, e possivelmente a defesa do senador Flávio Bolsonaro, combinavam de esconder os indícios contra o senador fazendo devassa na vida de auditores da Receita Federal ajuda bastante a investigação sobre a espionagem da Abin paralela.
Ao mesmo tempo instalou-se um clima de barata voa na campanha de Ramagem à prefeitura do Rio. Bolsonaro estaria furioso e se sentindo traído pelo Policial Federal em quem depositava muita confiança. Já não se sabe se ele será mantida, dado que tudo depende da vontade de Bolsonaro e ex-presidente estaria bem irritado e se sentindo traído.
São preciosas todas as provas dos amigos do ex-presidente: a minuta do golpe de Anderson, o vídeo do computador de Mauro Cid, a foto do general Lourena Cid e, por fim, a gravação dessa reunião por Ramagem. Há mais nos guardados dos amigos do ex-presidente. Mas essas quatro provas já mostram que, involuntariamente, o entorno de Bolsonaro ajuda a Justiça.
O que o ex-presidente deve estar se perguntando é por que eles guardaram provas tão contundentes. Uma hipótese de resposta é que eles, como o próprio Bolsonaro, acreditavam na impunidade.