O que há por trás do ‘mistério’ da live interrompida de Bolsonaro
Sem qualificação para o cargo, presidente precisa sempre de um inimigo para tentar se manter vivo no jogo político. Agora quer brigar com Google e Facebook
Jair Bolsonaro (Sem partido) é desprovido de inúmeras qualidades necessárias para exercer o cargo de forma satisfatória. Apesar disso, ele não está preocupado em desenvolver os projetos, os bons modos, a autocrítica e o raciocínio ágil e estratégico que lhe faltam.
O pensamento fixo da vez é conseguir um novo inimigo, já que que ele foi derrotado ou não consegue brigar com os anteriores (escolhidos por ele mesmo). A última derrota foi sofrida para o Supremo Tribunal Federal (STF), que defendeu o Estado de Direito e a civilidade contra os arroubos golpistas de Bolsonaro, que tentou direcionar essa raiva para que sua militância ameaçasse a integridade física do ministro Alexandre de Moraes. Felizmente, o STF ganhou e Bolsonaro perdeu.
A bola da vez são as “big techs”, gigantes da tecnologia como Google e Facebook. Primeiro, Bolsonaro tentou trazer as multinacionais para seu ringue de horrores editando uma Medida Provisória que limitava o poder das empresas de recusarem, em suas plataformas, conteúdos de ódio e fake news. Agora, ele conclama sua massa de manobra a acusar as empresas de imporem uma censura ao presidente.
Nesta quinta-feira, 16, Bolsonaro fazia uma live, repetindo as mesmas abobrinhas e mentiras que fala sempre, inclusive as que atrapalham o combate ao coronavírus. De repente, a transmissão foi interrompida. A militância começou a acusar Facebook e Google de censurarem o presidente, possivelmente com base nas vezes em que as plataformas tiraram do ar conteúdos que disseminam ódio e fake news. No entanto, as empresas negam, o que faz a internet especular que Bolsonaro forjou a “censura” para estimular sua massa de manobra a atacar as empresas.
Antes do STF, Bolsonaro tentou se promover atacando e pregando o ódio contra a população LGBTQIA+, mulheres, o movimento negro, estudantes e professores universitários, jornalistas e empresas jornalísticas, nacionais de diversos países, como Argentina, China, Chile, Alemanha e França. Perdeu para todos. Agora, ele precisa de uma nova briga para chamar de sua.