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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O PT aceitará os planos de Haddad e Galípolo?

Em artigo enviado à coluna, Rodrigo Vicente Silva avalia os desdobramentos do anúncio do corte de gastos e os custos das medidas futuras

Por Rodrigo Vicente Silva
2 dez 2024, 08h32
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  • O anúncio do pacote contendo os cortes de gastos deixou em polvorosa atores políticos e econômicos. O mercado não viu com bons olhos o tão esperado plano vir acompanhado da correção da tabela do Imposto de Renda e da consequente isenção para quem ganha até cinco mil reais. Não poderia ser diferente, dada a surpresa com que se soube do assunto. A atitude da equipe econômica, contudo, se justifica em vários aspectos. O plano de Haddad parece ir na direção certa do jogo. A pergunta é se o partido do ministro vai entender o outro lado da disputa e encarar os custos das medidas da Fazenda.

    Do ponto de vista político, a medida é mais do que acertada. Os números comprovam isso muito bem. Do total de eleitores, 44% ganha entre dois e cinco salários e menos da metade avalia como ótimo ou bom quando o assunto é aprovação do governo Lula. Nesse sentido, e para honrar o compromisso de campanha, era mais do que necessário seguir em frente com a proposta de isentar essa faixa da população. Haverá, evidentemente, um preço.

    O primeiro recado de que será cobrado um custo para a tramitação da isenção foi dado pelos presidentes das casas legislativas, Lira e Pacheco, que já disseram que o assunto fica para o ano que vem. Por meio do “X” e nota oficial, ambos acalmaram os mercados dizendo que o corte de gastos será votado ainda esse ano e o restante das medidas ficará para o próximo ano e que tudo dependerá do equilíbrio fiscal para aprovação. Há um não dito aí, mas que é óbvio ao governo: toda e qualquer medida só será possível mediante o ânimo e a barganha dos novos presidentes de Câmara e Senado junto à articulação do governo Lula.

    No que diz respeito ao Congresso e aos futuros custos de uma tramitação favorável ao governo, há um ator importante a ser considerado, que é Flávio Dino. Lembremos que o ministro do Supremo Tribunal Federal tem travado o repasse de emendas. Fato que desagrada parlamentares que fazem romaria principalmente a Lira em busca de uma solução.

    A outra conta a ser paga – essa bem mais difícil – serão as decisões do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Se as medidas de Haddad ajeitam de um lado, as do Banco Central terão de arrumar de outro e dessa dupla dependerá o sucesso econômico para que Lula ou quem vier representando a chapa petista seja competitivo daqui a dois anos.

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    O cálculo não é tão difícil: se as contas se ajeitam mediante cortes e outras tantas decisões da Fazenda; de outro, terá de haver um ajuste ao controle da inflação, ao que tudo indica mediante a subida dos juros, o que trará alguma retração na economia. O tema, sabemos, é ponto inflexível para o PT, que entende que é preciso crédito na praça.

    O que não poderá se perder de vista é a impossibilidade de chegar a 2026 com inflação em alta e o poder de compra corroído. E se é preciso agradar os 44% já citados que estão na faixa dos dois a cinco salários mínimos, não dá para perder de vista os 30% que compõem os que ganham até dois salários e são maioria absoluta ao aprovarem o governo do PT (70%). Um olho ficará na classe média e o outro, portanto, no poder de compra do mínimo, porque os cortes atingirão essa faixa da população.

    Se o cálculo não é difícil, a equação política será tensa porque agora não haverá mais presidente do Banco Central “morando fora do Brasil” – em alusão a uma das muitas críticas de Lula e do PT a Campos Neto, nem uma diretoria com maioria indicada por Bolsonaro. Sobrará Haddad, Galípolo e todos os indicados de Lula com a difícil missão de agradar parte do governo, o mercado e o PT. Tudo para não chegar nas eleições de 2026 com o quase pleno emprego de agora e com o poder de compra no chão, criando uma sensação de desalento das faixas médias e baixas do eleitorado o que, a se ver com a eleição americana, não reelege ninguém.

    * Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Cursou História(PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem). Contribui semanalmente com esta colun

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