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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O ‘pedido de socorro’ de Caetano Veloso ao papa Francisco

Cantor teve encontro reservado com o pontífice nesta quinta, 28, acompanhado da produtora Paula Lavigne e entregou uma carta. Leia a íntegra da missiva aqui

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 set 2023, 14h17 - Publicado em 28 set 2023, 12h07

O papa Francisco, líder da Igreja Católica, recebeu Caetano Veloso em uma audiência privada nesta quinta, 28. O cantor está em turnê pela Europa com o espetáculo Meu Coco, e estava acompanhado da produtora Paula Lavigne, com quem é casado.

Na missiva, Caetano fala da devoção de Dona Canô e da luta empenhada por ela da restauração da igreja de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro da Purificação, cidade onde Caetano nasceu.

O músico também falou da violência no Rio de Janeiro, citando a menina Eloah da Silva dos Santos, assassinada aos 5 anos, e outras dez crianças que perderam a vida neste ano.

Caetano também citou o agravamento da violência na Bahia, seu estado natal, e fez um “pedido de socorro” ao papa Francisco. “Diante dessa situação de agravamento da violência no Brasil, peço que Vossa Santidade volte o seu olhar e suas orações para o nosso país. Tenho certeza de que sua mensagem de paz será ouvida no país que tem como padroeira Nossa Senhora Aparecida”.

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A carta sendo entregue ao Papa por Caetano (Vatican News)
A carta sendo entregue ao papa por Caetano (Reprodução Vatican News) (./Reprodução)

Leia a íntegra da carta a seguir:

Vaticano, 28 de setembro de 2023

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Vossa Santidade, Papa Francisco, 

É com alegria especial que chego aqui, na Santa Sé, para este encontro. Sou da cidade de Santo Amaro da Purificação. E desde menino acompanhava encantado a minha mãe, Dona Canô, com seus gestos de simplicidade, afeto e sabedoria. 

Ela lutava em defesa da despoluição do Rio Subaé e fazia campanhas pela restauração da igreja de Nossa Senhora da Purificação, da qual sempre foi ardorosa devota.

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Em 2007, na festa do centenário dela, a família, amigos e a cidade de Santo Amaro promoveram durante o ano uma série de homenagens à dona Canô. E o que nela provocou maior emoção foi a Igreja da Purificação receber a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.

É com esses ensinamentos de paz que chego aqui, diante de Vossa Santidade. 

Nesses 10 anos de pontificado do primeiro Papa da América Latina, jesuíta e de nome Francisco, tenho acompanhado suas posições denunciando injustiças, alertando para a situação dos migrantes e sendo o autor da primeira encíclica ambiental: Laudato si – Sobre o cuidado da casa comum. O texto é uma advertência necessária sobre as responsabilidades humanas nas alterações climáticas.

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Santo Padre, onde moro, na cidade do Rio de Janeiro, a violência atingiu índices iguais aos das grandes guerras pelo mundo. E o pior: vitimando cada vez mais crianças. A lista de meninos e meninas mortos por armas de fogo na Região Metropolitana do Rio assombra. Só este ano, 10 crianças morreram dessa forma. 

Recentemente, entrou nesta estatística a menina Eloah da Silva dos Santos, de 5 anos, atingida por um tiro quando estava em casa, no Morro do Dendê, comunidade da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.

As vítimas têm em comum o fato de terem tido uma morte repentina enquanto viviam seus cotidianos. Com idades entre 9 e 13 anos. A chamada “guerra às drogas” até hoje não reduziu o comércio ou o uso delas. Mas o número de jovens, em sua maioria negros, mortos a bala não para de crescer.  

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Esse destino trágico também vitimou: Juan Davi de Souza Faria, 11 anos; Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos; Maria Eduarda Carvalho Martins, 9 anos; Ester de Assis Oliveira, 9 anos; Jhenyfer Luz Silva de Souza, 12 anos; Lohan Samuel Nunes Dutra, 11 anos; Yan Gabriel Marques, 12 anos; Dijalma de Azevedo, 11 anos; Thiago Menezes Flausino, 13 anos.

A violência também tomou conta da Bahia, estado em que nasci há 81 anos. Estou assustado ao constatar que – apenas nestes primeiros 24 dias de setembro – já foram registradas pelo menos 46 mortes em confrontos policiais em todo o estado. A proporção é de quase duas mortes por dia neste mês. Essas mortes aconteceram principalmente em bairros periféricos de Salvador, como Alto das Pombas, Calabar, Valéria e Águas Claras.

Diante dessa situação de agravamento da violência no Brasil, peço que Vossa Santidade volte o seu olhar e suas orações  para o nosso país. Tenho certeza de que sua mensagem de paz será ouvida no país que tem como padroeira Nossa Senhora Aparecida. 

Com profunda admiração, meu abraço fraterno e meu pedido de socorro.  

Caetano Veloso

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