O insustentável tiro no pé de Lula no quinto mês de governo
Em um tema com repercussões internacionais
Lula pode estar dando um insustentável tiro no pé no quinto mês de governo.
É um erro enorme que parlamentares do PT – e outros da base, alguns ligados à causa ambiental – deem o aval para a pauta bolsonarista de esvaziar o ministério do Meio Ambiente.
Um forte movimento contrário a Marina Silva começou com a queda de braço entre a Petrobras e o Ibama relacionada à exploração de petróleo na costa do Amapá.
Ocorre que decisão do Ibama já havia sido dada – nos mesmos termos – durante o governo Michel Temer. Para o órgão, a proposta da Petrobras, cinco anos depois, ainda não dá segurança de que a perfuração na região pode ser feita sem colocar em risco a biodiversidade local.
Se no governo Temer foi negado, se no governo Jair Bolsonaro a licença não andou, por que o governo Lula deveria passar o “tratoraço” em cima de uma questão importante como é a do meio ambiente?
O quadro, contudo, se agravou mais nesta quarta, 24, quando a MP que reestrutura a Esplanada dos Ministérios para Lula foi usada para esvaziar o ministério do Meio Ambiente, tirando parte de suas atribuições.
Depois, a extrema-direita aproveitou o ensejo e aprovou uma MP de Bolsonaro que torna mais fácil desmatar a Mata Atlântica, o que é um absurdo completo.
Perderam a noção do impacto que uma nova saída de Marina Silva de um governo Lula poderia gerar?
Se o presidente permitir o esvaziamento da política ambiental brasileira, perderá o apoio internacional conseguido nas eleições. Isso será um desastre.
Corre o risco de ver os investimentos de países estrangeiros para a preservação da Amazônia serem cancelados.
Um movimento em cadeia que pode colocar Lula, ao menos nesse tema, no mesmo patamar de Bolsonaro.