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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O grupo asiático que mantém o Greenpeace em alerta no Brasil

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 abr 2023, 19h26 - Publicado em 11 abr 2023, 15h57

Praga cíclica e migratória, certos tipos de gafanhotos são capazes de dizimar plantações inteiras em minutos. Quando encontram condições climáticas desfavoráveis, juntam-se em grupos para viajar rumo a novas terras, e passam a disputar espaços e recursos com o homem.

No mundo empresarial, é possível encontrar movimentos análogos ao descrito mundo dos fitófagos insetos. Um dos exemplos mais recentes e temerários foi denunciado pelo “Le Monde” em reportagem que integra uma série denominada “Deforestation Inc“, algo como “A Corporação do Desmatamento.”

O material jornalístico, elaborado em parceria com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, foi construído a partir do testemunho de um ex-analista, chefe da AsiaPulp & Paper e que, segundo a publicação, usa a indonésia Paper Excellence como fachada para ações de “greenwashing”, conduta nefasta de empresas que utilizam premissas de ESG para ganhar engajamento e investimentos, mas só da porta pra fora. Os impérios estão interligados, embora trabalhem intensamente para denotar o contrário. Ambos pertencem à mesma família indonésia, os Widjaja, que administram o conglomerado Sinar Mas.

A APP é responsável pela derrubada de mais de 1 milhão de hectares de florestas só na Indonésia o que a fez perder a certificação FSC (Forest Stewardship Council), essencial para entrar nos mercados da Europa e da América do Norte. 

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O histórico das empresas de papel e celulose está bem documentado e inclui muito desmatamento, drenagem de turfeiras, incêndios florestais graves, conflitos agrários, além de criminalização e intimidação de ativistas de base na Indonésia. Problemas que não se limitam à Ásia. Críticas ferozes chegam do Canadá, onde a Paper Excellence está prestes a expandir drasticamente sua influência sobre as florestas daquele país com a aquisição de uma das maiores madeireiras canadenses. A operação é alvo de um alerta emitido pelo Conselho Nacional de Defesa dos Recursos Naturais e mobiliza a Câmara dos Comuns em audiências públicas.

Como isso nos afeta? A APP tem uma nova rota migratória: o Brasil. E um plano temerário em ação. A Paper Excellence disputa o controle da brasileira Eldorado Celulose, empresa com mais de 5 mil trabalhadores localizada em Três Lagoas (MS) e que registrou seu melhor resultado financeiro no ano passado. Uma joia do setor.

Em entrevista à coluna, o Assessor Estratégico Internacional do Greenpeace, Daniel Brindis, defendeu que as autoridades brasileiras fiquem atentas às investidas da Paper de operar em território nacional. “Eu diria que as autoridades e os interessados devem ficar de olho diante da possibilidade de mudanças de posturas dessa empresa no Brasil. A liderança importa, e o que vemos é um histórico ruim, de controvérsias e compromissos não cumpridos”, disse o representante do Greenpeace para quem a estratégia da APP de dominar o mercado de papel e celulose tem consequências. “Várias empresas se afastaram dos negócios com a APP por causa dos problemas socioambientais em que o grupo se envolveu. Então, a APP quer se tornar inevitável no mercado. Vai ficar mais difícil achar opções e cumprir os acordos de responsabilidade firmados”, adverte Brindis.

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Há pouco mais de 10 anos, o Greenpeace promoveu uma campanha mundial que teve a Asia Pulp and Paper no centro de uma polêmica. A boneca Barbie, fabricada pela Mattel, foi apontada como conivente com a devastação da floresta tropical na Indonésia,pois usava matéria-prima da APP na produção das embalagens dos bonecos. Com a pressão, acordos foram firmados e outras empresas se afastaram de negócios com a Asia Pulp and Paper. A nuvem agora se aproxima do Brasil.

(Atualização às 19h26 desta quarta, 12: Em nota enviada à coluna após a publicação da reportagem, a Paper Excellence diz que “é de propriedade exclusiva do empresário Jackson Wijaya e é completamente independente da Asia Pulp & Paper (APP). Instituições globais de financiamento, agências governamentais, órgãos reguladores e de certificação, entre outros, reconhecem que as duas companhias não pertencem ao mesmo grupo. Ninguém além de Jackson Wijaya jamais foi ou é proprietário ou controlador de qualquer uma das empresas da Paper Excellence. Nenhuma outra companhia ou pessoa jamais teve qualquer participação acionária em nenhuma das operações do Paper Excellence Group”. Além disso, a empresa diz que “desde a criação da Paper em 2006, a empresa faz recorrentes investimentos ambientais e operacionais”)

 

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