Lula está fazendo uma confusão deliberada. É ruim para o país e ainda ajuda Jair Bolsonaro. Ou seja, é péssimo. O ex-presidente, líder de todas as pesquisas de intenção de voto, afirmou de novo que precisa regulamentar a imprensa, “direito de resposta” porque a internet está com um ambiente de muita mentira e fake news.
São coisas diferentes. A imprensa – no sentido dos grandes jornais, das grandes emissoras de televisão, das revistas de maior circulação – já está sob uma legislação na qual existe o direito de resposta regulamentado.
Além disso todos esses órgãos estão sob as leis vigentes. O jornal pode ser processado, o jornalista pode ser processado e é fácil localizar quem publicou ou divulgou o que e quando isso ocorreu.
A área da comunicação que o Brasil precisa estudar e combater problemas é outra: as plataformas sociais e a internet.
É preciso buscar ver o que outros países estão fazendo para saber como controlar, como evitar a divulgação em massa de fake news e evitar as mentiras sobre a saúde na pandemia, por exemplo, que tem sido tão prejudicial. E ao mesmo tempo respeitando a liberdade de expressão.
Isso que precisa ser estudado para descobrir a melhor maneira de fazer. É assunto novo, sobre os quais há vários estudos sendo feitos. Na internet circulam mentiras e agressões tóxicas por perfis falsos manipulados por pessoas reais.
E o ex-presidente acaba de ser vitima de uma enorme mentira, resultado de uma manipulação de fala dele, como a coluna já comentou. Isso tem que ser coibido sim.
Mas Lula mistura as duas coisas deliberadamente quando junta esse desconforto sobre o excesso de mentira na internet por perfis falsos, por disparos em massa, por todos esses truques, inclusive do gabinete do ódio da extrema direita, ou seja, a má-fé na internet, com o trabalho profissional de jornalistas.
Os estudos que estão sendo feitos em países europeus são para combater e evitar que exista um ambiente de mentiras, falsificações, que prejudicam não só campanhas eleitorais, mas como também a saúde das pessoas, como testemunhamos com a Covid-19.
Lula errou ao defender a regulamentação da imprensa recentemente, voltou atrás e agora erra de novo. Não é a primeira vez que faz isso.
Lá atrás também defendeu um projeto de regulação da mídia – isso, quando estava no poder -, mas foi pressionado à época e desistiu.
Esse projeto não era voltado para a internet, e sim para os meios de comunicação, que já são regulamentados, controlados pela legislação vigente.
Ao fazer essa nova tentativa deliberada, misturando alhos com bugalhos, Lula só cria argumentos para que o presidente Jair Bolsonaro tente tachá-lo de autoritário, justo o atual presidente da República, o mais autoritário que já pisou no Palácio do Planalto desde a ditadura militar.
Lula vacila ao dar argumentos para o adversário e deixa uma área muito nebulosa, que pode inevitavelmente aumentar a insegurança em relação a ele.