O anúncio feito nesta quinta, 22, pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva – de 16 novos ministros do seu governo – trouxe uma boa mistura de indicações.
Por um lado, o petista finalmente trouxe diversidade à equipe com o anúncio de seis mulheres em pastas importantes. Por outro lado, nomes já conhecidos do PT e do presidente mostram que uma parte da gestão continua sendo “mais do mesmo”.
A escolha de Wellington Dias no Desenvolvimento Social e de Camilo Santana na Educação esconde uma estratégia arriscada. Wellington e Camilo são senadores. Ao serem indicados como ministros, deixarão o Congresso, assim como Flávio Dino, que será ministro da Justiça.
Lula já retirou três senadores de dentro do Congresso numa jogada complicada que pode dificultar articulações no futuro.
Em meio às expectativas sobre a posição de Simone Tebet na equipe, o PT venceu a briga e levou o Ministério do Desenvolvimento Social, um dos mais relevantes do governo. Tebet queria assumir a pasta, mas até o momento não foi anunciada em nenhum cargo.
A decisão por Wellington Dias vai afastando cada vez mais aquele sentimento de frente ampla que reinou na campanha de Lula.
Simone Tebet foi fundamental para a vitória do petista e ainda há a expectativa de que ela tenha um papel de destaque no novo governo. A coluna já havia informado que ela seria convidada para o ministério da Agricultura, o que foi confirmado pelo Radar Econômico.
A escolha de Anielle Franco para o Ministério da Igualdade Racial foi um grande acerto. A jornalista se tornou mais conhecida após a morte da irmã, Marielle Franco, mas sempre teve um trabalho muito forte em defesa das mulheres e dos negros. A pasta precisava de um nome combativo – depois dos ataques sofridos no governo Bolsonaro.
O novo Ministro dos Direitos Humanos será o advogado Silvio Almeida, outro golaço de Lula em sua equipe. Silvio é conhecido pela competência e pelo trabalho na questão racial no país.
Como membro do grupo de direitos humanos durante a transição do governo, o futuro ministro recomendou a revogação de indicações feitas pela gestão Bolsonaro para as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos.
Outro gol de placa de Lula aconteceu no Ministério da Saúde. A pasta, que sofreu muito nos últimos anos principalmente com a pandemia da Covid, agora será liderada por Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz e que levará toda a sua experiência técnica ao Ministério.
Os nomes de Margareth Menezes na Cultura e Camilo Santana na Educação já eram esperados. Como a coluna mostrou, a indicação de Camilo é positiva porque o ministro vem do Ceará, estado considerado referência na educação nacional.
Outra escolha acertada foi o nome de Alexandre Padilha no Ministério de Relações Institucionais. Embora seja do PT e represente “mais do mesmo” em relação ao partido de Lula, Padilha tem muita experiência em gestão e um bom relacionamento com o Congresso, habilidade importante para essa função de “meio de campo” que ele vai executar.
Lula também agradou aliados e antigos companheiros com a indicação de Luciana Santos, do PC do B, para o Ministério da Ciência e Tecnologia, e de Luiz Marinho para o Ministério do Trabalho.
A decisão de dar o Ministério da Indústria para o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin confirma o que já vinha sendo noticiado. Ainda no início de novembro, a coluna adiantou que Alckmin teria um Ministério. Naquela época, a dúvida estava entre a Fazenda e a Defesa. Tempos depois, a informação foi perdendo força. Agora, Alckmin de fato se torna ministro, mas da pasta da Indústria.
Em geral, as indicações de Lula foram positivas. No entanto, após o anúncio de hoje, cresce a expectativa em torno do nome de Marina Silva, que poderia ir para o Ministério do Meio Ambiente, e de Simone Tebet, que perdeu o ministério que gostaria de liderar mas merece um cargo de destaque no novo governo.
Onde está a frente ampla que o levou à presidência? Essa pergunta permanece no ar.