A dez dias das eleições, o ex-presidente Lula voltou a marcar pontos no Datafolha que o deixam com uma vantagem suficiente para vencer Jair Bolsonaro no primeiro turno.
Isso não acontecia desde o dia 1º de setembro, quando Ciro Gomes e Simone Tebet cresceram, tirando, na fotografia daquele momento, a possibilidade do petista resolver a fatura sem a necessidade de uma segunda etapa nas eleições.
Vinte e dois dias depois, contudo, tudo mudou. Lula recuperou o número que pode lhe conceder, em pouco mais de uma semana, o terceiro mandato presidencial: 50% dos votos válidos mais um voto, contagem quando são descartados os brancos e nulos.
Para isso, atingiu 47% no Datafolha, crescendo dois pontos percentuais em uma semana, e agora tem uma vantagem de 14 pontos sobre Jair Bolsonaro, que se manteve com os seus 33%.
O ex-presidente petista está sendo beneficiado pelo voto útil – Ciro, por exemplo, caiu de 8% para 7% -, mas o mais importante crescimento de Lula foi entre os mais pobres.
Entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, o maior estrato socioeconômico entrevistado pelo datafolha, o petista cresceu cinco pontos percentuais em uma semana, de 52% para 57%.
Bolsonaro caiu de 27% para 24% no segmento, o que, segundo o instituto, foi “a pior notícia que sua campanha recebeu, ao lado de sua grande rejeição”.
Nem com a máquina pública na mão – intervindo na Petrobras, que patrocinou baixas nos preços dos combustíveis, ou mesmo o aumento do Auxílio Brasil -, o mandatário conseguiu mudar o curso de um pleito que parece mesmo estar caminhando para um desfecho no primeiro turno.
Para os cientistas políticos, ocorre agora um movimento natural: à medida que a campanha avança – com o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a cobertura da imprensa e avanço do tema nas redes sociais -, os mais pobres passam a ser informados sobre quem são os candidatos ao Palácio do Planalto.
Segundo o instituto, Lula cresceu, por exemplo, entre os mais pobres na região Sul do país, e entre os mais jovens, que também tendem, segundo os analistas, a tomar a decisão sobre o voto nos dias próximos ao 2 de outubro.
Resumidamente: a nova rodada da pesquisa parece aquele sonho do primeiro colocado, que vê a vitória ao alcance dos olhos, e o pesadelo do segundo, que pode se tornar o primeiro presidente a não ser reeleito após a redemocratização. Isso, com uma derrota acachapante no primeiro turno.
Se a fotografia do momento se confirmar nas próximas 240 horas, será um baita recado do país aos arroubos e absurdos de um mandatário que rasgou a bandeira da paz em quatro anos. Recado esse maior até do que um processo de impeachment, que Bolsonaro bem que mereceu.