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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Maioria dos ministros do STF seguiria Moraes na decisão sobre Ramagem

STF mostra a Bolsonaro que há limite na atuação do Executivo. Decisão de magistrado que levou ao recuo da nomeação de diretor da PF é aviso mais contundente

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 abr 2020, 17h20 - Publicado em 29 abr 2020, 15h50
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  • O Supremo Tribunal Federal (STF) deu várias sinalizações nesta semana ao governo, e ao presidente Jair Bolsonaro, de que há limites para a atuação do executivo. Nenhuma delas, contudo, foi tão significativa quanto a do ministro Alexandre de Moraes suspendendo a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.

    Na avaliação de um ministro da corte ouvido pela coluna, a decisão de Moraes sinaliza para o entendimento de que as denúncias do ex-ministro Sergio Moro, que apontam para a tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF, são consistentes. E que a situação é tão sensível ao governo, que a maioria dos ministros acompanharia a suspensão da nomeação de Ramagem como novo diretor-geral da PF, caso o governo optasse por recorrer.

    Não importa muito que o presidente tenha cancelado agora a nomeação de Ramagem para o mais alto cargo da PF. O ministro do STF pode arquivar o caso afirmando que houve perda de objeto da ação, ou pode, mesmo que improvável, enviar para o plenário para que seja discutido o mérito no intuito de balizar futuras ações semelhantes.

    O que importa é que Alexandre de Moraes foi contundente ao afirmar que “a democracia não permite que seus agentes disponham de poder absoluto”. Ou seja, o magistrado pondera não ser contra o poder de nomear. A liminar foi especificamente sobre Ramagem. O que isso sinaliza?

    Na prática, a investigação relacionada às denúncias de Moro contra Bolsonaro ainda estão bem iniciais. A decisão do ministro Celso de Mello foi divulgada na segunda-feira no meio desse vácuo na PF. Nem mesmo Moro foi ouvido sobre suas contundentes declarações ao deixar o cargo de ministro da Justiça apontando possíveis crimes contra o mais poderoso mandatário da República. Ao decidir pela suspensão da nomeação, Moraes deu um sinal direto para Bolsonaro sobre os limites que ele havia atravessado.

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    Na lista de decisões desfavoráveis ao governo estão a própria abertura do inquérito para investigar o presidente pelas denúncias do ex-superministro Moro. Nela, o ministro Celso de Mello praticamente ignora o pedido do procurador-geral da República para investigar calúnia de Moro e foca nos possíveis crimes cometidos pelo presidente.

    Numa escala menor de importância, mas sinalizando o humor atual da corte em relação ao governo, Celso de Mello também autorizou a abertura de inquérito contra o ministro da educação, Abraham Weintraub, por crime de racismo, primeiro integrante do primeiro escalão do atual governo a ser investigado no âmbito do STF.  Ministro que foi elogiado especificamente por Bolsonaro durante o pronunciamento em que tentou rebater as acusações de Moro.

    As decisões recentes do Supremo mostram mais uma vez que o STF vive um momento raro de união em resposta aos arroubos de Jair Bolsonaro e em defesa da constituição, como adiantou a coluna no início da semana.

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