Em encontro histórico com 27 governadores e representantes dos Três Poderes, Lula defendeu a democracia brasileira com unhas e dentes, como já fez em outros momentos de sua história.
O líder metalúrgico e o político popular se reencontraram. E – nesse encontro – Luiz Inácio lembrou o presidente não só dos crimes cometidos pelo Estado na ditadura militar, como também perguntou onde estão os generais nos tempos atuais que não coibiram os novos pedidos de golpe contra a democracia.
Lula acertou em cheio a raiz do problema: a politização dos quartéis. A mesma que, em 1964 e em 1968, levou os generais a rasgarem a constituição e entrarem para história como ditadores.
Desde o fim do sufrágio popular em que saiu vitorioso, Lula testemunha – como todos nós, os brasileiros de bem – marginais que se fantasiavam de patriotas, mas que entrarão para a História apenas como golpistas.
Oito dias após subir a rampa com um menino negro, uma catadora de materiais recicláveis e um cacique indígena, Lula desceu a rampa com os líderes do Congresso, do Supremo e de cada um dos 27 estados para dizer um basta à desordem no Brasil.
“O que estamos fazendo aqui é tentar reparar um defeito de lá atrás, quando se começou a se negar tudo neste país”.
Sim, inclusive os crimes cometidos por militares, que mostraram não ter pacto algum com valores civilizatórios e com a República seja em 1964, em 2018 ou agora, se misturando com o bolsonarismo.
“Golpe não vai ter. Não vamos permitir que a democracia escape das nossas mãos”, decretou Lula. Ele está certo. Até porque, lembrou algo importante: que é político que mais perdeu eleições na história do Brasil, mas também o que mais venceu.
Um dia após a barbárie em que todos saímos derrotados, um ex-metalúrgico lembrou o país que os perdedores de hoje podem ser os vencedores de amanhã, e que isso é o cerne da democracia. Que o país aproveite este recomeço. E sem anistia – desta vez.