A convenção que confirmou o nome de Jair Bolsonaro como o candidato do PL à reeleição serviu também para tentar impulsionar o jingle de campanha do presidente da República. Pelo menos é o que dizem os dirigentes da legenda, segundo apurou a coluna.
Alias, é preciso admitir que, como peça publicitária, a mensagem musicada acerta assustadoramente e pode pegar entre os eleitores de direita na campanha de 2022.
Diz assim a música no seu trecho principal: “É o capitão do povo, que vai vencer de novo. Ele é de Deus, você pode confiar, defende a família e não vai te enganar”.
Mesmo tirando a parte que “vai vencer de novo”, somente essa estrofe soma ao menos seis mentiras sobre Bolsonaro:
O uso da patente de capitão por um militar que, não se esqueçam, foi “expulso” do Exército;
Que ele é “do povo” não merece nem ser rebatido, tamanha a fake news;
A parte que “ele é de Deus” é uma fraude, já que o presidente demonstra ter, em sua trajetória, o oposto de muitos valores cristãos;
“Você pode confiar” é outra falácia, já que ele descumpriu inúmeras propostas de campanha, como quando rasgou a bandeira do liberalismo;
“Defende a família” é extremamente relativo já que, nesse caso, o jingle está tratando da “família tradicional brasileira”, e o mandatário está no terceiro casamento;
Por último, o “não vai te enganar” entra também nas mentiras contados pelo político, que vendeu como certo – há quatro anos – uma nova política, mas durante o mandato se aliou ao centrão como todos os outros;
Ainda assim, falando do marketing político em si, a coluna ouviu três importantes cientistas políticos que, na condição do anonimato, elogiaram o jingle inventado pela dupla sertaneja Mateus e Cristiano. Veja:
Na avaliação de um deles, o “capitão do povo” pode se transformar no “Lula lá” – eternizado na esquerda como “sem medo de ser feliz” – da extrema-direita brasileira. A peça publicitária petista, de tanto sucesso, acompanha – mesmo que em diferentes versões – o ex-presidente de 1989 até hoje, quando Lula vai para a sua sexta disputa presidencial.
Para o segundo cientista político, é um exagero dizer que vai ser um sucesso dessa magnitude, mas ele admite que o “hit” pode pegar. Lembrou ainda que Bolsonaro tinha apenas 17 segundos de propaganda eleitoral em 2018 e ninguém se lembra das peças publicitárias (criaram mais de uma) do então deputado naquele ano, usadas apenas nas redes sociais.
O último especialista concordou que o jingle é bom, mas – nas suas palavras – disse que ele “não tem efeito eleitoral e serve apenas para levantar a militância”.
O vídeo tem falhas técnicas, mas traz imagens do presidente jovem, fardado, antes de ele ser “enxotado” das Forças Armadas há 34 anos, após importante reportagem de VEJA. Também relembra a facada sofrida por Bolsonaro há quase quatro anos, trazendo imagens do momento do atentado realizado por Adélio Bispo.