O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, tem se aproximado de pautas à direita do cardápio político. Boa parte do empresariado e dos prefeitos de Minas quer vê-lo governador do estado em 2026. Pacheco não diz que sim, mas também não nega.
Isso o leitor da coluna já sabe há algum tempo. Sabe também que Pacheco segurou, por convicção, uma série de projetos alinhados à direta, como o que afrouxava a posse de armas e o que reduzia a maioridade penal para 14 anos.
Mas o leitor desconhece um outro fator que vem forçando Pacheco a abrir mais espaço para a direita no Plenário do Senado. E isso envolve diretamente o governo Lula e seu campo político no Congresso.
Após a derrota de Jair Bolsonaro, parlamentares de direita do Senado tiveram seus discursos esvaziados e ficaram perdidos.
Porém, quando a ex-presidente do Supremo Rosa Weber – vejam vocês -, na tentativa de deixar uma marca histórica ao final de sua gestão, afetada pela pandemia, decidiu pautar uma sequência de temas considerados progressistas, como o marco temporal, a descriminalização das drogas e o direito ao aborto, os senadores de direita, até então isolados, viram a oportunidade de se unir em bloco.
Foi a deixa para o jogo virar.
A partir daí, o que era um mato sem cachorro ou cachorro sem mato no Senado, perdidos na ação como oposição, os isolados viraram uma organização só com cerca de 25 senadores do um total de 81. Em bloco, passaram a pressionar o governo Lula em várias áreas: contra as drogas e o aborto, por mais armamento e “segurança” no campo e nas cidades, por mais agrotóxicos, mais prisões e censura nas escolas. As chamadas pautas de costumes ganharam força em detrimento aos projetos das áreas econômica e social, ou seja, que realmente importam.
Pois bem!
Exemplo claro do avanço da direita sobre Pacheco pode ser visto nas reuniões de líderes, que acontecem toda quinta-feira, pela manhã, no Senado. Quem participa tem a impressão, segundo confirmado à coluna até por senadores da base, de que só a oposição está presente.
É esse encontro que ajuda a definir nada mais, nada menos a pauta que irá ao Plenário do Senado. Enquanto o governo patina com projetos ainda não tão maduros e sem consensos, segundo relatos feitos à coluna, a oposição está mais presente, mais assídua e com a sua pauta conservadora definida.
Foi assim que a criminalização do porte de maconha, por exemplo, passou a andar na Casa para pressionar o Supremo já não mais de Rosa Weber, mas de Luís Roberto Barroso.
Se fosse um jogo de futebol, a descrição seria a de que a oposição joga praticamente sem marcação. Organizados, pressionam por um calendário comum, estabelecendo o rito célere de projetos que eles querem aprovados, andando o mais rápido possível. Pacheco, do alto de seus 1,96 metros de altura, tem porte dos grandes goleiros. Mas uma hora a bola entra.
Sem pautas, muitas vezes com a gestão petista abrindo mão de uma orientação única, fazendo com que os senadores fiquem livres para votar, os gols da direita vão acontecendo.
Basicamente, dizem fontes da coluna, a direita aprendeu a ser oposição e a esquerda… essa se esqueceu como é ser governo!