Enquanto o governo analisa o currículo de vários homens para a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal com a iminente aposentadoria da ministra Rosa Weber, mais um grupo que apoiou Lula nas eleições se movimentou para indicar uma mulher.
A Rede de Advogados Indígenas da Amazônia, que representa os povos originários em quase todas as regiões do país, procurou oficialmente a gestão petista defendendo a indicação da presidente da Funai, Joenia Wapichana, à vaga.
“Para representantes dos povos indígenas, a escolha de Joenia abre espaço à diversidade e pluralidade étnica e contribui para uma paridade de gênero ausente no STF, visto que em mais de 130 anos nunca uma jurista indígena ou negra chegou a tal posição no Supremo”, afirma nota enviada à coluna.
“Ainda que tenhamos conhecimento quanto ao retrato de um Congresso formado, em sua maioria, por aqueles que não veem de forma positiva pessoas não brancas com bandeiras que fortaleçam pautas consideradas dos grupos minorizados, temos plena certeza de que Joenia apresenta formação e capacidade para ocupar a Alta Corte. Agora, oficialmente pela Coiab [Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira] e a rede de advogados. Estou na reunião das organizações da Amazônia e Nordeste. Fechamos questão”, diz o advogado Eliésio Marubo.
A nova sucessão na corte está rendendo inúmeros constrangimentos para Lula, especialmente com aliados. Eles tem lembrado que a eleição foi apertada, e que a vitória só foi possível através de uma frente ampla contra Jair Bolsonaro.
Hoje, os nomes que encabeçam a lista para a vaga são: Jorge Messias, Advogado-Geral da União, Flávio Dino, ministro da Justiça, e Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União.
Ou seja, nenhuma mulher – uma contradição diante de um governo progressista, e que defende a pluralidade.
O movimento dos indígenas é estratégico. Há anos eles começaram a investir numa causa – a de que representantes dos povos originários sejam atores do direito. E, neste momento, eles se fecharam em torno de Joenia.