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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A narrativa de Flávio Bolsonaro sobre a reunião do pai para protegê-lo

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 jul 2024, 15h59
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  • O senador Flávio Bolsonaro, filho Zero Um de Jair, disse que “mais uma vez a montanha pariu um ratinho”. Ele quer dizer que nada houve de importante no áudio da reunião no Palácio do Planalto em que autoridades discutem o caso das rachadinhas.

    O teor da conversa, envolvendo o pai, o general Heleno e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, foi liberado nessa recentemente pelo STF.

    A forma com que Flávio lidou com a revelação é uma técnica conhecida. Quis fazer parecer que nada havia de irregular.

    A reunião em si já é um escândalo. Reúnem-se para discutir o caso do seu cliente, que vem a ser o filho do presidente, duas advogadas com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o chefe da Agência Brasileira de Inteligência, o presidente da República.

    Isso é uma distorção completa da função pública, e prova o uso da própria presidência e dos órgãos de inteligência para colher elementos que pudessem defender o senador Flávio Bolsonaro.

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    As advogadas pedem ajuda para ter informações internas do governo sobre investigação contra seu cliente. Trata-se disso. E estão lá chefe de órgãos e o presidente.

    Elas querem, inclusive, que se acione o Serpro. Bolsonaro, mostrando não entender nem como funciona o governo, confunde Serpro com Dataprev, mas o importante é que diz que pode sim acionar. “Sem problema nenhum”.

    Depois, os participantes dessa reunião vão além e falam em ter informações da própria Receita Federal. “É o caso de conversar com o chefe da Receita. O Tostes”, diz Bolsonaro referindo a José Tostes Neto.

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    A ideia de que nada disso é grave, e que não se cometeu crime, cai por terra pelas próprias falas na reunião.

    O general Heleno, por exemplo, fala o seguinte sobre o contato com o chefe da Receita, de quem queriam dados sobre servidores que estavam investigando o caso das rachadinhas. “Tentar alertar ele que tem que manter esse troço fechadíssimo”.

    O próprio Bolsonaro alerta que nunca se sabe se estão sendo gravados. Estavam. Pelo próprio então chefe da Abin, Alexandre Ramagem.

    Divulgados os áudios, eles estão todos correndo para reescrever a história e para minimizar o que houve nesse encontro escandaloso por si só. O fato é que o presidente da República convocou chefes de dois órgãos de segurança do Estado para uma reunião com as advogadas do filho e lá combinam de acionar a Receita e o Serpro para saber informações confidenciais e tributárias que pudessem ajudar na defesa e blindar o filho Zero Um do presidente. Isso é um escândalo, seja qual for a versão suave que tentem apresentar.

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