A mais importante lição do presidente do Chile para Lula
Ou... de um esquerdista para o presidente brasileiro
“Não pode varrer para debaixo do tapete ou fazer vista grossa para questões que, para nós, são princípios importantes. Manifestei respeitosamente que tinha uma discrepância com o que o presidente Lula afirmou ontem, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela era uma construção de narrativa. Não é uma construção de narrativa. É uma coisa real e séria. Exige uma posição firme e clara de que [os] direitos humanos devem ser respeitados sempre. As violações […] na Venezuela não são uma construção narrativa, são uma realidade e eu tive a oportunidade de presenciar isso”.
“Princípios”!
Assim, de forma contundente, o presidente do Chile, Gabriel Boric, deu uma importante lição em Lula, que relativizou os horrores cometidos pelo regime chavista. Para o presidente do Brasil, Nicolás Maduro deveria buscar mudar o que foi construído contra ele e a Venezuela, “vítimas de narrativas de antidemocracia e autoritarismo”.
Boric falava de valores universais, que estão acima dessa estúpida polarização direita X esquerda que, sob a justificativa de criar narrativas, só traz atrasos para o Brasil. Ser contra a tortura, contra violações de direitos humanos não deve estar – sob nenhuma hipótese – condicionado a uma questão de afinidade ideológica.
Vale para Jair Bolsonaro, vale para Lula.
Aliás, isso “vale” desde a década de 1960, ainda em meados do século passado. Foram as convenções pós-segunda guerra mundial que passaram a linha definindo que não se pode perseguir por divergências políticas.
É estarrecedor que Lula não compreenda que a situação da Venezuela tenha se agravado muito em vinte anos, se comparada à época que ele chegou pela primeira vez ao poder, de braços dados com Hugo Chávez. O oficial militar de carreira (vejam a coincidência!) estava no comando há apenas quatro anos, mas já havia começado seu plano maléfico de perpetuação – à qualquer custo – da extrema-esquerda.
Todo líder político da América Latina sabe hoje que existem muitas provas derrubando qualquer dúvida sobre o caráter ditatorial do regime chavista, assim como os atos do “companheiro” Maduro. Isso serve para qualquer um que já foi à Venezuela, também. Tapar os olhos para isso é rasgar os direitos mais elementares de um ser humano.
É a nova esquerda dando a mais importante aula à velha esquerda.