Quando se pensava que já havia acontecido de tudo em CPIs, ocorre uma nova e inusitada situação em Brasília.
Os próprios suspeitos de crimes incentivam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – algo impensável há alguns anos -, mas ela cai em descrédito rapidamente. Até o Congresso como um todo começa a cair em descrédito.
Depois, para a surpresa de todos os presentes no colegiado, parlamentares de oposição e aliados do atual governo (Lula), se unem.
Estranho, não é?
Tudo isso ocorreu após o depoimento mentiroso do coronel do Exército Jean Lawand Júnior, aquele que Robson Bonin, de VEJA, revelou ser o artífice da mais forte comprovação de conspirações contra a democracia dentro do governo Jair Bolsonaro.
Pois bem.
Em depoimento na CPI do 8 de janeiro nesta terça, 27, o militar de alta patente mentiu descaradamente. Até aquele deputado André Fernandes, investigado no Supremo por incentivar atos antidemocráticos, não acreditava nele. Ao fim, nenhum partido levou a sério o que ele falava.
Cheio de colas anotadas, deixando claro que havia sido treinado para mentir, Jean Lawand Júnior afirmou exatamente o contrário do que VEJA comprovou sobre ele em conversas de WhatsApp.
Ao fim da sessão, alguns parlamentares estavam atônitos.
A conversa de bastidor era a de que, se não prendessem o coronel, não se prenderá mais ninguém em todo o trabalho da Comissão, já que todo mundo pode mentir.
Não que esse seja o objetivo da Comissão, mas o Código Penal estabelece que é crime “fazer afirmação falsa” em CPI, mesmo como testemunha.
O que se comenta agora é que a Comissão chegou a um ponto em que ou ela se impõe ou se desmoraliza de vez.
A ver as cenas dos próximos capítulos.