A reportagem de capa de Veja desta semana é a mais forte comprovação da conspiração contra a democracia dentro do governo Jair Bolsonaro. A pressão do subchefe do Estado-Maior do Exército, coronel Jean Lawand, é explícita. E há um roteiro completo do que fazer para derrubar a democracia.
O relatório “Forças Armadas como poder moderador” revela ainda que militares golpistas foram fundo no projeto de convocar Exército, Marinha e Aeronáutica para derrubar a democracia.
Chamam atenção alguns pontos: a hora em que o coronel Lawand diz que seu colega de farda – o general Edson Skora Rosty (subcomandante de Operações Terrestres) – afirmou que, se o Exército recebesse a ordem, iria cumpri-la prontamente.
Rosty ainda teria dito algo que é a chave para entender a contaminação do Exército: “Se a cúpula do EB não está com ele, de divisão para baixo está”. Ou seja, os generais de divisão ou conhecidos por terem três estrelas. O posto é intermediário entre os generais de brigada e do exército.
Ocorre que são eles que colocam a mão na massa. Ou melhor: que comandam uma grande unidade militar podendo somar um efetivo entre 10 mil e 20 mil homens.
E hoje onde está esse possível defensor do golpe, o general Edson Skora Rosty? Praticamente na mesma função. Portanto, o Exército continua protegendo os seus, independentemente do que façam – assim como ocorreu na ditadura militar.
A matéria de Robson Bonin ajuda diretamente a investigação feita na CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro. A peça se encaixa perfeitamente no quebra-cabeça do golpe. E poderá ser o fio condutor entre as várias conspirações dentro do governo Jair Bolsonaro.