A curiosa mudança de atitude de Bolsonaro em relação a Alexandre de Moraes
Depois de inúmeros ataques… o presidente agora tenta mudar a estratégia de forma surpreendente

Era só o que faltava.
Depois de atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e inflamar seus seguidores a duvidarem da isenção do magistrado, o presidente Jair Bolsonaro resolveu mandar no ministro.
Nesta segunda, 11, o presidente questionou se Moraes vai ficar quieto em relação às declarações do ex-presidente Lula sobre reunir pessoas em frente à casa de parlamentares para pressioná-los.
“Isso é interferência. Isso é um crime, isso é um ato antidemocrático. Ô Alexandre de Moraes, isso é um ato antidemocrático. Vai ficar quieto? Vai ficar quieto, né? É contra isso que nós lutamos”, afirmou Bolsonaro.
A fala é absolutamente inaceitável, para dizer o mínimo. Ninguém manda em nenhum ministro do STF, embora Bolsonaro tenha certeza de que manda nos dois ocupantes das cadeiras que ele indicou para lá: Nunes Marques e André Mendonça. Agora, o presidente resolveu mandar justamente no ministro que ele mais atacou.
Ao insinuar que o que Lula fez é um ato antidemocrático, Bolsonaro esquece de mencionar que ele mesmo é investigado em inquérito comandado por Moraes sobre atos contra a democracia.
A coragem de Alexandre de Moraes incomoda (e muito) o presidente. O ministro teve a coragem de intimar Bolsonaro a prestar depoimento presencialmente, teve coragem de suspender o Telegram pela falta de cooperação e transparência e, apesar de ser acusado pelo presidente de fazer uma “perseguição implacável”, Moraes mantém a coerência nas suas decisões.
E, já que Bolsonaro citou atos antidemocráticos, o que deveria realmente ser investigado é a postura ameaçadora do deputado bolsonarista Junio Amaral, que, segurando uma arma, ameaça o ex-presidente Lula.
Se o ministro Alexandre de Moraes for tomar alguma providência, que seja para investigar a ameaça do parlamentar. A fala de Lula, por si só, não representa nada, embora tenha sido infeliz.