Brasil vê novo texto enviesado dos EUA sobre conflito Israel-Hamas
Após vetar a resolução do Brasil, aprovada por 9 países, Estados Unidos levam documento pró-Israel
Os Estado Unidos apresentaram para discussão um novo texto para ser votado, provavelmente, na reunião dessa terça-feira no Conselho de Segurança da ONU. A coluna apurou que a ideia proposta, até agora, está “completamente enviesada” para o lado de Israel, segundo um interlocutor da diplomacia.
Na última quarta-feira, os americanos vetaram a resolução proposta pelo Brasil, atual presidente do órgão. O documento tratava apenas de questões humanitárias, teve apoio de 9 dos 15 países membros, duas abstenções e o veto de um membro permanente que inviabilizou a aprovação.
Os americanos alegaram que o texto não mencionava o direito de autodefesa de Israel contra o grupo terrorista Hamas. No entanto, esse não era o objetivo discutido amplamente pelos países. O foco era a ajuda humanitária e a saída de civis da Faixa de Gaza.
O movimento foi visto pelo Itamaraty como uma disputa por protagonismo na mediação do conflito. Logo na sequência, os EUA negociaram diretamente com Israel a entrada de caminhões com suprimentos básicos para a população. 3 veículos com ajuda humanitária já entraram na região.
Essa nova resolução, apresentada pelos Estados Unidos, ainda será debatida entre os países para a formulação final ir à votação. A expectativa do Brasil é de que o texto fique mais equilibrado entre os dois lados do conflito.
O ministro das Relações Exteriores vem demonstrando impaciência com a falta de ação do Conselho de Segurança. Na Cúpula da Paz do Egito, no último sábado, Mauro Vieira disse que a “paralisia está tendo consequência prejudiciais à segurança e às vidas de milhões”. O chefe da diplomacia já tinha dito que o veto à resolução brasileira mostrava uma clara divisão de opiniões.
Esse será o terceiro texto que será votado no Conselho sobre o conflito. Rússia, Brasil e agora EUA. Do jeito que foi apresentado até agora, enviesado, segundo um interlocutor, dificilmente avançará até nas questões humanitárias. Por ora, resolver o conflito em si já parece carta fora do baralho.