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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Russa Sputnik é a principal aposta dos governadores para ampliar vacinação

Estados querem comprar 50 milhões de doses, mas devem entrar na fila depois do governo federal, que encomendou 10 milhões

Por Tatiana Farah, Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 mar 2021, 00h45 - Publicado em 5 mar 2021, 13h31

Com a campanha de imunização contra a Covid-19 a conta-gotas, os governadores têm apostado as fichas nas negociações com os fabricantes da vacina Sputnik V, produzida na Rússia pelo laboratório Gamaleya e comercializada pelo Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF). A expectativa é a compra de 50 milhões de doses do imunizante.

Nesta semana, os governadores visitaram em Brasília uma das fábricas da União Química, farmacêutica que vai produzir a Sputnik V no Brasil. A visita não resultou em acordo, pelo menos por enquanto. O presidente da empresa, Fernando Marques, adiantou a VEJA que a prioridade da produção brasileira será atender o Ministério da Saúde e o Plano Nacional de Imunização. Para isso, o governo já destinou 696,6 milhões de reais, com dispensa de licitação, para aquisição de 10 milhões de doses.

O empresário explicou que os governadores têm feito consultas diretamente aos russos. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), chegou a fechar um pré-acordo para a compra de 50 milhões de doses em setembro passado com o RDIF, mas a tratativa emperrou depois que o Ministério da Saúde desautorizou os governadores a fazerem negociações paralelas com os laboratórios. “Não há dúvida de que, se os estados tivessem sido autorizados a fazer aquisições próprias desde que as vacinas começaram a surgir, nós não estaríamos vivendo uma tragédia dessas dimensões. O governo federal não consegue a mínima agilidade e efetividade para adquirir as vacinas no ritmo que o país precisa”, disse Costa a VEJA.

A União Química espera começar a fabricar o imunizante em sua indústria de Guarulhos (SP) a partir de abril. As instalações da unidade devem ser inspecionadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na próxima semana, de acordo com o empresário. Aos 800 funcionários, deverão se somar outros 200. “Vamos produzir 8 milhões de doses por mês”, afirmou Marques.

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Além de chegar com atraso na fila de prioridades dos laboratórios, o governo federal e os governos dos estados também esbarram nas questões legais. A Sputnik V ainda não tem registro emergencial nem permanente para ser comercializada no Brasil. A Anvisa nega que esteja em análise qualquer pedido da União Química, mas o empresário afirma que espera receber a autorização para as próximas semanas.

Outro governador que que tomou a frente do processo de negociação com os russos é o do Piauí, Wellington Dias (PT). Segundo Dias, a vacina tem sofrido o mesmo preconceito da chinesa CoronaVac devido a sua origem. “Está prevalecendo o mesmo ranço ideológico. Temos que centrar todas as energias para liberação da Sputnik pela Anvisa. É real a possibilidade de conseguirmos 50 milhões de doses — cerca de 20 milhões produzidas do Fundo Soberano Russo e 30 milhões da União Química”, afirmou.

Apesar da empolgação, alguns governadores disseram que as milhões de doses da vacina russa não devem chegar tão rápido como exige este momento de tanta urgência. “Para as próximas semanas, nós estamos reféns (no bom sentido, claro) do Butantan e da Fiocruz”, comentou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que participou do encontro com os representantes da União Química.

Na pressão

Apesar de ainda não ter anúncios concretos, as reuniões com os laboratórios serviram como pressão para tirar o governo federal da inércia. Nesse sentido, a movimentação surtiu efeito. Um dia depois de os chefes de estados anunciarem o interesse em comprar a vacina da Pfizer — o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), divulgou que compraria 20 milhões de doses –, o Ministério da Saúde anunciou que havia fechado a compra de 100 milhões de unidades do laboratório americano. O mesmo ocorreu com as remessas de seringas e agulhas. Após Doria ameaçar ir ao Supremo, o Ministério da Saúde enviou um lote com 1 milhão de insumos na última segunda-feira, dia 1º.

 

  • Leia também: No pior momento da pandemia, principais autoridades do país ensaiam reação.
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