A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira, 29, o pedido da defesa de Thiago Eliezer Martins Santos para que ele pudesse voltar a acessar a internet. Conhecido como “Chiclete”, Eliezer é réu em uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ser um dos líderes do grupo de hackers que invadiu contas de autoridades no aplicativo Telegram, incluindo procuradores da extinta força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Segundo os procuradores, ele e o hacker Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, foram os mentores da ação.
O hackeamento deu origem à série de reportagens conhecida como “Vaza Jato”, que ampliou o desgaste da operação diante da revelação de condutas antiéticas e irregulares dos investigadores e do ex-juiz federal Sergio Moro na condução das apurações.
Apesar dos apelos dos advogados de Thiago Eliezer, a ministra do STF negou seguimento ao habeas corpus por razões formais. Ela apontou que a defesa deixou de incluir na ação documentos fundamentais à sua análise, a exemplo da decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) que negou um recurso e o manteve proibido de acessar a internet.
A medida foi decretada originalmente pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, em setembro de 2020, quando o suspeito foi solto depois de passar um ano na cadeia. Eliezer havia sido detido na segunda fase da Operação Spoofing, deflagrada em setembro de 2019, e acabou denunciado pelo Ministério Público Federal em janeiro de 2020. Outras limitações foram impostas a ele na ocasião, como uso de tornozeleira eletrônica, retirada em setembro de 2021, e proibição de manter contato com os demais réus e testemunhas. A “proibição absoluta” de acessar a internet inclui uso de smartphones, redes sociais e aplicativos de mensagens.
Após a decisão de Rosa, os advogados de Eliezer esclareceram que os documentos apontados pela ministra como inexistentes na ação haviam sido, sim, apresentados ao STF. Os defensores esperam que a ministra reveja sua posição e determine o fim da proibição, alegando que ela o prejudica profissional e pessoalmente. O hacker recentemente recebeu uma proposta de emprego para trabalhar como analista de sistemas em uma empresa de Brasília.